quarta-feira, abril 20, 2005

Erradicar a pobreza

No Ideias Soltas, Carlos Araújo Alves solicita a divulgação de uma proposta para ajudar a combater a desatenção a que os problemas da pobreza e da fome estão votados. É uma acção singela, mas carregada de um simbolismo muito importante.
Combater estes flagelos exige uma acção dupla. Em primeiro lugar, é necessário debelar rapidamente as insuficiências com que se vêem confrontados tantos milhões de pessoas. A pobreza e a fome existem por todo o mundo, embora de forma mais camuflada nos países desenvolvidos. No entanto, em algumas regiões do mundo mais fragilizadas, a situação aflige populações inteiras que estão assim privadas do mais básico que a dignidade humana merece. Os programas que permitem que estas pessoas, num primeiro momento, acedam imediatamente a uma alimentação suficiente e a cuidados de saúde básicos são vitais para travar a fome, a doença e as elevadas taxas de mortalidade que ainda se verificam.
Em segundo lugar, é necessário conceber e implementar medidas estruturais que permitam contrariar de forma permanente esta situação. É fundamental incluir nos processos de criação de riqueza e seu usufruto estas pessoas. Um plano desta natureza tem de ser inevitavelmente associado às estratégias de desenvolvimento sustentável, aos diversos níveis a que podem ser pensadas – local, nacional e global.
A capacidade de acção de cada um, isoladamente, é limitada. Apenas as classes políticas detêm o poder adequado para agir com rapidez e eficácia, embora algumas vezes lhes pareça faltar a vontade para o fazer. Ao nível individual, para além da solidariedade activa, que já é um passo muito significativo, a solução passa por não calar a indignação. Em sociedades mediatizadas, como são todos os países desenvolvidos, a atenção que os políticos prestam à opinião pública ainda é uma das melhores armas que esta possui para agir fora dos processos eleitorais. A pressão da opinião pública pode ajudar a sensibilizar quem mais pode contribuir para alterar o rumo actual dos acontecimentos.
É bastante mais confortável ignorar estes problemas. Mesmo quem honestamente com eles se preocupa, facilmente esquece a realidade. A pobreza e a fome são alvo de investigações que, por vezes, merecem um olhar da comunicação social, mas não têm programas em horário nobre na televisão. São, a maior parte das vezes, problemas escondidos, envergonhados, afastados das nossas delicadas sensibilidades e vícios de classe média. Por isso, contribuir, quando quer que seja, para diminuir este fenómeno e trazer para a luz estes problemas gravíssimos é o mínimo que se pode fazer. Na verdade, é o mínimo dos mínimos. Depois das palavras bem intencionadas, ainda falta quase tudo.

P.S. No Ideias Soltas encontra-se um link para um jogo que pode contribuir para uma educação contra a pobreza.

1 Comments:

At 2:22 da tarde, Blogger Carlos Araújo Alves said...

Obrigado pelo interesse e pela referência.
É verdade que isoladamente a nossa força é insuficiente, mas o lembrar, o divulgar o educar os mais jovens no sentido de que somos todos (porque nas instituições estão pessoas)um pouco responsáveis poderá ajudar, no futuro, a evitar a visão monolitista que hoje padecemos.

 

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