Sá de Miranda
Vasculhando a biblioteca lá de casa encontro os "Cem Sonetos Portugueses" seleccionados por José Fanha e José Jorge Letria. Entre eles o poema de Sá de Miranda de onde JPP extraiu o verso que podemos apreciar no seu blogue. Aqui fica a versão integral:
Quando eu, senhora, em vós os olhos ponho,
e vejo o que não vi nunca, nem cri
que houvesse cá, recolhe-se a alma a si
e vou tresvaliando, como em sonho.
Isto passado, quando me desponho,
e me quero afirmar se foi assi,
pasmado e duvidoso do que vi,
m'espanto às vezes, outras m'avergonho.
Que, tornando ante vós, senhora, tal,
quando m'era mister tant'outr'ajuda,
de que me valerei, se alma não val?
Esperando por ela que me acuda,
e não me acode, e está cuidando em al,
afronta o coração, a língua é muda.
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