Drake e Tamara
Foi em Junho que conhecemos Drake e Tamara, nessa semana que passámos em Havana. Tu interessaste-te pelos quadros que pintavam e expunham na sua improvisada galeria, de frente para a baía. Entrámos e conversámos com eles. Explicaram-nos os seus quadros, falámos sobre pintura, a cubana e não só. Prometemos voltar. Voltámos. Tu compraste um quadro a Drake (Ensueño, chamou-lhe ele). Drake escreveu-te uma dedicatória e tu pagaste sem regatear o preço. Convidaram-nos para comer com eles. Passeámos juntos por Havana Velha até um qualquer restaurante. Conversámos mais. Conversámos muito. Sobre Cuba, sobre Portugal, sobre o fim do campo socialista, sobre roupa, sobre tudo... Acompanhámo-los nos refrescos que tomaram. Passámos assim uma tarde, até eles decidirem voltar aos seus quadros. Insistiram em pagar a despesa sozinhos. Nesse momento, no preciso momento em que recusaram dividir a despesa, nesse momento em que percebemos que não poderíamos fazer a desfeita de retirar-lhes esse pequeno prazer, nesse momento soubemos que tínhamos ganho dois amigos. Assim mesmo. Numa tarde, sentados a uma mesa, num qualquer restaurante de Havana Velha.
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