Parar, pensar, mudar
ou: longo post metabloguístico
ou ainda: por que estive mais de uma semana sem escrever?
A semana passada obriguei-me a um intervalo no Viva Espanha. Mais ou menos de repente, dei por mim com grandes dúvidas existenciais sobre o blogue. Duas questões me assaltaram. Qual o lugar do blogue na blogosfera? Que lugar ocupa o blogue na minha vida pessoal?
Quem visitar frequentemente o Viva Espanha repara, com certeza, que raramente escrevo aos fins-de-semana. Sempre guardei os fins-de-semana para mim e para os meus. Não foi por ter um blogue que me apeteceu mudar este registo. Apesar de quase nunca postar aos fins-de-semana, sempre fui arranjando uns tempinhos para ir actualizando as leituras dos outros blogues. O que também ocupa tempo. Muito tempo.
O tempo que os blogues ocupam é um tempo egoísta. É um tempo só nosso e que dificilmente se partilha. Pode-se recomendar a leitura de um post ou de um blogue como se recomenda um livro, mas ninguém lê livros em conjunto. Lê-se sozinho. Da mesma forma, também a escrita de um post é um acto muito íntimo. Paradoxalmente íntimo, é certo, porque se trata de um pedaço de nós que se partilha, mas que não se quer desnudado antes de ser dado por finalizado. É-me totalmente impossível escrever na iminência de que alguém assome por cima do meu ombro a perscrutar as palavras, as frases, as ideias.
No fim-de-semana que antecedeu o interregno, constatei que o blogue já ocupava muito mais tempo do que aquele que eu lhe tinha destinado inicialmente. Obviamente, roubava tempo a outras coisas e a outras pessoas. Uma situação destas não me agradava. Gosto muito deste meio. Gosto do meu blogue, mesmo com todas as limitações que lhe reconheço. Mas um dos meus ideais de vida é que entre uma pessoa e outra coisa qualquer, a pessoa vem primeiro. Nesse fim-de-semana o Viva Espanha sobrepôs-se a algumas pessoas. Com isso causou algum sofrimento. Não foi para isto que criei o blogue. Não podia pactuar com esta situação. Sobrava-me, ao menos, a certeza de que sendo o principal responsável, tinha, no mínimo, a hipótese de pedir desculpa e reparar os meus erros. Restava-me também a oportunidade de aprender um pouco com a experiência. Nasceu assim o intervalo.
A questão do lugar do Viva Espanha na blogosfera está relacionada, em parte, com tudo o que acabei de dizer. Foi, de certa forma, esta primeira preocupação que despoletou os comportamentos que culminaram nos problemas descritos. A certa altura, estava demasiado preocupado com a agenda, com o ritmo e com o rumo do blogue. A interactividade blogosférica é um pau de dois bicos. Se por um lado enriquece o espaço de intervenção, por outro vai exigindo cada vez mais tempo. Estar inserido num meio tão dinâmico, acompanhando os temas da actualidade, tem o que quê de gratificante. No entanto, facilmente evolui para uma situação desgastante e até desconfortável.
Sem estar a querer negligenciar os que visitam este espaço, que me merecem todo o respeito e gratidão, sempre assumi que o blogue deve agradar em primeiro lugar ao seu autor. Se assim não for, este espaço não tem sentido. Por isso, impunha-se um período de reflexão para pôr as ideias em ordem.
Penso que nos devemos esforçar por observar a realidade a partir de diferentes ângulos para a compreendermos melhor. Penso também que as más experiências servem, pelo menos, para aprendermos algo com elas. Esta serviu para me esclarecer sobre o lugar que o blogue deve ocupar. Então qual é o seu lugar na minha vida pessoal? Vem depois de todos e de tudo o que é realmente importante. E na blogosfera? Estou-me a borrifar para o lugar do blogue na blogosfera. É assim que deve ser. Acho que aprendi a lição.
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