Educação Sexual
Adaptar os conteúdos e as formas de transmissão dos mesmos ao público é uma das regras básicas da comunicação. Muitas campanhas começam a falhar por aí. Como parece que vai ser o caso da Educação Sexual nas escolas. Tendo por base o que se lê no Barnabé, que por sua vez se baseia no que se lê na Notícias Magazine, Mariana Cascais entregou ao Movimento de Defesa da Vida muitas responsabilidades nas acções de Educação Sexual nas escolas. Advogar junto dos jovens, como faz este movimento, valores como a abstinência e a fidelidade traduz não só juízos de valor dispensáveis no meio escolar, como também uma incompreensão gritante da cultura juvenil. Vir pedir a adolescentes e pré-adolescentes que ajam de acordo com estes princípios é uma ideia perfeitamente peregrina. Embora possa haver um número significativo de jovens dispostos a proceder desta forma, para os outros, os que não compreendem ou não se identificam com estes valores, a estratégia vai resultar totalmente improdutiva. Já para não falar que qualquer pessoa tem direito à sua sexualidade e a vivê-la da forma que lhe apetecer, desde que obviamente salvaguardados os direitos de terceiros.
Uma pessoa pode optar por um estilo de vida promíscuo. Eu posso não me identificar com isso, mas não tenho o direito de condenar ou subvalorizar essa opção, muito menos de o fazer institucionalmente na escola. O que se pretende da Educação Sexual é que ela permita aos jovens conhecerem a sua sexualidade de forma a dela usufruírem com responsabilidade. O objectivo não passa por uma supressão medieval da vida sexual na juventude ou na idade adulta. Quem não compreender que a desadequação do discurso ao público mina qualquer estratégia está condenado ao fracasso.
Perante este cenário desanimador, quer ele seja atribuível à incompetência, quer se deva à insensatez, aos pais resta a solução actual. Quem tiver sensibilidade e sapiência para tal vai continuar a ter sobre si a responsabilidade da educação sexual dos filhos. Depois é esperar que eles tenham juizinho. Os crentes podem rezar...
P.S.: A educação sexual também passa inquestionavelmente pelos progenitores. O que a educação sexual nas escolas, e dentro do ensino obrigatório, oferece é uma democratização do acesso a esse campo. Deste modo, quem não tiver acesso no agregado familiar, pode ter acesso no meio escolar. Ficam assim colmatadas as insuficiências que se registam na sociedade portuguesa e que têm vindo a ser divulgadas por estudos bem recentes.
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