Afinal é possível
Fio-me na descrição da personalidade política de José Luís Zapatero que consta do Público de hoje:
(...) tem uma linguagem fácil e repetitiva. A pose demonstra demasiada sinceridade. "Falta-lhe malícia". (...) Zapatero tem uma vantagem: num Congresso traumático, quando o "barco socialista" andava à deriva, ganhou a sua liderança. (...) À justa, com um discurso memorável. Não pela ênfase ou gestos, mas pelos argumentos. Contudo, o quotidiano de gestão dos socialistas evidenciou debilidades. Porventura tácticas, para garantir o cimento partidário. (...) O que os conservadores aproveitaram para um desenho tosco da sua personalidade: sobretudo, acentuando a sua falta de autoridade no seio do PSOE. (...) Mas afirmou, em tempos difíceis, a sua vontade e seriedade.
Embora não esconda a satisfação com a vitória de Zapatero, tenho plena consciência de que esta deve ser encarada mais como uma derrota de Aznar e de Rajoy do que outra coisa qualquer. Mesmo assim, foi em Zapatero e no PSOE que os eleitores espanhóis decidiram confiar para suceder ao PP. Afinal, contra todas as previsões, parece que é possível a um político ganhar eleições mesmo não sendo um rio transbordante de carisma e apoiando-se sobretudo na sua vontade e nas suas convicções.
Hoje sou eu que fico à espera de ver as reacções que este post possa suscitar.
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