quarta-feira, novembro 03, 2004

Cultura democrática, dizem eles

Uma jovem foi absolvida, ontem, do crime de aborto em mais um julgamento decorrente da actual lei. O que mais choca neste caso nem é o enquadramento legal que continua a suportar estes julgamentos, mas sim a forma como o caso chegou a tribunal. Tanto a Ordem dos Enfermeiros como a Ordem dos Médicos estão a apurar a responsabilidade de dois profissionais supostamente envolvidos na denúncia do caso às autoridades, algo que viola claramente os códigos deontológicos e o sigilo profissional a que estão obrigados. Como se já não nos bastasse uma lei totalmente desajustada, agora temos de nos preocupar com as delações pseudo-moralistas de pessoas em quem devíamos ter confiança.

3 Comments:

At 1:19 da tarde, Blogger João Mãos de Tesoura said...

Questão polémica, esta! Felizmente a jovem foi absolvida a bem da razão. O enfermeiro, esse, foi educado com valores que ele próprio não questiona. A culpa não é dele, mas sim da lei!

 
At 3:10 da tarde, Blogger cparis said...

Se uma mãe levar às urgências um filho a quem deu uma carga de porrada, suponho que ache que o enfermeiro nada deva fazer... Afinal trata-se de uma preocupação "pseudo-moralista" de somenos importância.

Neste caso apareceu uma mãe que se suspeitava que tinha acabado de matar o seu filho, mas isso obviamente é irrelevante.

 
At 11:11 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Claro está que houve parvoice nesta historia e que o enfermeiro se portou mal. Não está sozinho nessa ideia de que se contar coisas aos policias se está a fazer um serviço público. Todo o bufo tem orgulho em aliviar a sua dor de cotovelo... é assim que as policias vão tendo com que trabalhar, não é? À base de denúncias, agentes infiltrados «à paisana», escutas ilegais e coacção de "suspeitos" para confissões e "colaboração" com as investigações... É assim que se vai fazendo a porca da «guerra à droga» e outras atitudes legalistas baseadas em hipocrisias e mentiras, que vão só por si agravando o que pretenderam solucionar. Ou não será?!

 

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