A maioria de Jorge Sampaio
As declarações de Jorge Sampaio a favor de um sistema que favoreça maiorias absolutas são, no mínimo, inconscientes e inoportunas. É estranhíssimo que, sensivelmente a mês e meio das eleições legislativas, o Presidente da República, conhecido por manter silêncios prolongados sobre assuntos prementes da realidade nacional, tenha uma intervenção pública deste teor.
Em Portugal, as maiorias absolutas só estão ao alcance de dois partidos. Neste momento específico, as declarações de Jorge Sampaio, mais do que um apoio a um sistema facilitador de maiorias absolutas, podem ser interpretadas como um favorecimento ao partido melhor colocado para alcançar uma vitória no próximo acto eleitoral. A ser assim, Sampaio desvirtua a instituição que representa e, pior ainda, dá azo a que se possam fazer interpretações sobre o confuso episódio da não convocação de eleições aquando da demissão de Durão Barroso. Perante o favorecimento do PS, é caso para pensar se a actuação de Sampaio nos últimos meses não esteve subordinada aos interesses deste partido em particular, e aos do seu actual secretário-geral de modo muito específico. Esta visão tem algo de "teoria da conspiração", é certo. Mas é o próprio Jorge Sampaio, com as suas idiossincrasias e com o seu passado recente, que se coloca em primeira linha para este tipo de raciocínio.
Os momentos económica e socialmente complicados são sempre os mais adequados para a eclosão de formas que subvertem o modelo vigente, quer isso seja feito de forma mais declarada ou mais dissimulada. Nalguns casos caminha-se num sentido positivo, noutros assiste-se a uma regressão. A limitação de representatividade das diversas sensibilidades políticas pertence claramente ao segundo caso. É inerentemente antidemocrática, como já anteriormente defendi, e deve ser combatida pelos perigos que acarreta. No mínimo, repito, o PR foi inoportuno e inconsciente.
2 Comments:
Meteu a pata na poça....
Mas acho que foi propositado... o que ainda é pior!
Totalmente de acordo
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