Amores eternos
Em 2005 perfazem 650 anos sobre a morte de D. Inês de Castro. O seu amor com D. Pedro constitui um dos momentos mais poéticos da nossa História. Geralmente, o momento da coroação depois de morta é tido como o exemplo maior de uma paixão tão forte que rompeu radicalmente as barreiras do convencional. No entanto, os seus túmulos, em Alcobaça, constituem um exemplo bastante superior do sentimento que os unia. D. Pedro e D. Inês não repousam lado a lado, mas sim em posição frontal. As figuras esculpidas no topo de cada túmulo, ao invés de descansarem inertes, preparam-se, ajudadas por anjos, para se erguerem para o dia do juízo final. Os túmulos encaram-se através de um dos corredores do mosteiro para que nesse dia, mal se inicie a ascensão das suas almas, a primeira coisa que cada um deles vislumbre seja o seu amado. A vingança sangrenta e a coroação post mortem, que tem mais de macabro e obsessivo do que de belo, foram assim ultrapassadas por um monumento intemporal à ternura e à saudade; como se o amor quisesse sobrepor-se a todos os constrangimentos.
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