O Bolhão é de todos
Vi as imagens que a Lolita também viu. Mas na RTP e sem som, por falha técnica do canal. O som não era necessário, que quem gesticula assim faz-se entender bastante bem e o caso já tinha sido resumido pelo pivot de serviço.
A Lolita, que tem a admirável capacidade de condensar o seu bom senso quase sempre em poucos parágrafos, e que partilha com o Besugo, é preciso dizê-lo, um dos blogues mais bem escritos e pensados que por aqui há, cometeu agora uma injustiça. Quer ver as vendedeiras do Bolhão como património municipal, quando o mais correcto seria torná-las património nacional. Pois se alguém como eu, que escrevo de Lisboa, também pode atestar a sua genuinidade, fica demonstrado que a projecção do Bolhão ultrapassa bastante essas fronteiras imaginárias constituídas pelo Douro e pela Circunvalação. E mais adianto. Muita gente haverá por este país que não sabe sequer o que é o Bolhão, muito menos onde fica e quem o frequenta. Mas quantos desses conhecerão igualmente os outros patrimónios nacionais, desde os monumentais aos gastronómicos? Quantos conhecerão a beleza das margens do Douro, antes e depois da Régua, de que fala o Besugo de vez em quando?
Ainda assim, não sabendo sequer o que é o Bolhão, com toda a certeza, e em perfeita sintonia, também gesticulariam, até se tornar desnecessária a transmissão de som, sentindo certos calos apertados. Portanto, talvez as semelhanças suplantem as diferenças e reforcem o âmbito nacional desse património nascido e criado no belo Porto.
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