segunda-feira, setembro 19, 2005

Espelho da alma

Diz-se que os olhos são o espelho da alma. É bem possível que sejam, embora eu seja mais apologista da voz. A voz é um excelente espelho das emoções. A tristeza e a alegria modulam a voz de formas inconfundíveis. Os sorrisos são fáceis de fingir, tendo-se o talento ou a disposição para isso. Os timbres de voz são muito mais orgânicos. Vêm de dentro, são, por assim dizer, mais "autênticos". Logo, muito mais difíceis de disfarçar. O sentimento perpassa na voz como em poucas outras formas de expressão.

Não são só os lábios que sorriem. Também os olhos sorriem. Mas o sorriso é demasiado social. Com facilidade, recria-se, à medida das circunstâncias. Por isso, quando o sorriso mente, mentem também os olhos. Os olhos só não conseguem fingir o brilho. Esse ou está lá ou não está e isso é imediatamente notório. O brilho nos olhos, venha de onde vier, da alegria imensa ou da raiva profunda, toca de forma indelével quem o contempla. Mas quando é a alegria a sua fonte, pode viver-se alimentado por ele.