quarta-feira, setembro 07, 2005

Visões do mundo

Através do Bicho Carpinteiro, esta preciosa frase de Barbara Bush:

"And so many of the people in the arena here, you know, were underprivileged anyway, so this is working very well for them."

Duas ideias fortes presidem a esta afirmação da mãe do actual presidente dos EUA. Em primeiro lugar, uma visão das hierarquias sociais que admite como justa uma situação de desfavorecimento de determinados grupos. Não é outra coisa que está em jogo. É, efectivamente, uma forma de ver o mundo que define o que as pessoas merecem pelo que têm. Revela uma preocupação pelos saldos – portanto, pela diferença entre o que se tinha e o que se tem –, mas não considera relevante uma situação de miséria por si só. Trata-se de uma concepção da justiça social que radica numa noção de que as pessoas merecem a realidade em que vivem e o que lhes acontece.
O segundo aspecto digno de nota é a espontaneidade do discurso, reveladora do fortalecimento da ideologia. Não é uma gaffe, embora seja provável que, muito brevemente, surjam tentativas de desvalorizar as declarações. É uma forma de ver o mundo, profundamente enraizada na mentalidade de determinados sectores da sociedade americana (e não só).
Foi e continua a ser comum ver George W. Bush como um político pouco inteligente e sem qualidades discursivas. Mas a campanha para a reeleição, acompanhada com mais interesse por todo o mundo do que a primeira, revelou um homem com uma capacidade de fazer passar a sua mensagem de forma concisa e apelativa. Bush opta por exercer a sua influência num eleitorado que tende a partilhar os seus valores e a sua forma de estar. Os americanos não votam Bush exclusivamente por falta de capacidade crítica, como por vezes se tenta dar a entender. Votam Bush porque, partilhando a sua visão nos assuntos sociais e económicos, partilham também as suas prioridades.
A disponibilidade para entender esta realidade continua a escapar a muitos analistas. Porventura, terá escapado também aos Democratas, com as consequências que se conhecem.

2 Comments:

At 9:56 da manhã, Blogger Pedro Sá said...

Exacto. Eu já li um americano ser contra sistemas de saúde porque "se trabalhares, certamente tens algum dinheiro que te permita pagar isso, e se não tens é porque não fizeste nada e não mereces ser tratado".

 
At 12:31 da manhã, Anonymous Anónimo said...

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