Ferro Rodrigues
Não pude acompanhar na íntegra a entrevista a Ferro Rodrigues, ontem, na RTP. Do pouco a que assisti, reforcei a impressão de que FR está claramente mais à esquerda que os seus antecessores e que os putativos candidatos a ocupar o seu lugar. Do meu ponto de vista, é um posicionamento que nasce da estratégia de demarcação em relação ao governo de Guterres, que foi acusado não só de inoperância, mas também de cinzentismo ideológico. Foi sobretudo a via centrista de Guterres que levou à hecatombe eleitoral das autárquicas. Por muito que custe a alguns ver uma definição ideológica mais clara por parte desta direcção do PS, ela é fundamental para um projecto de alternativa ao actual governo. Julgo mesmo que é fundamental para a credibilidade dos partidos e para a motivação do eleitorado. Por mim, prefiro políticos dispostos a assumir ideais a políticos dispostos a abdicar de um posicionamento ideológico em nome de resultados eleitorais. Sobretudo porque, nesse caso, nem se vislumbra estratégia coerente nem se ganha reconhecimento dos eleitores. A prazo revela-se uma estratégia igualmente desgastante, só que absolutamente deplorável. É claro que um partido tem como objectivo prioritário estar no poder, pelo que não é razoável imaginar que a sua actuação não traduza uma preocupação com a opinião pública. Uma preocupação, não uma obsessão. Até porque temos um exemplo marcante de obsessão com o défice no actual governo e conhecem-se bem as consequências. A todos os níveis.
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