São Lopes, padroeiro dos túneis
Numa coisa Luís Delgado tem razão. Pedro Santana Lopes representa uma forma de estar na política que o destaca de outros políticos. PSL cresceu na política baseado na imagem. Deu-se a conhecer à custa das revistas e dos programas televisivos, sobretudo de carácter desportivo. Do seu pensamento político destaca-se a repetição exaustiva da sigla PPD/PSD e a evocação do nome de Sá Carneiro. E apesar da propaganda, das frases feitas e dos livrinhos publicados, a sua obra política continua a ser uma incógnita. Da passagem pelo governo, pela Câmara da Figueira e pela Câmara de Lisboa não lhe tem sobrevivido nada que se possa apelidar de inovador ou transformador. As suas ideias mais conseguidas para Lisboa passam pela construção polémica de um túnel, pela construção polémica de um casino (ninguém sabe bem para quê) e pelo alcatroamento das ruas. Fica-lhe, porém, traçado o perfil político. PSL é um arrivista político. Espera sempre subir mais nas escadarias dos cargos e do poder. Da sua trajectória, ressalta a impulsividade crónica para se candidatar. E a consequente falta de respeito pelos compromissos previamente assumidos. Ressalta também aquele espírito pequenino de vinganças quando se sente acossado. Como ficou claramente ilustrado nas discussões recentes sobre os túneis de Lisboa.
É este o político que se tem preparado para ser candidato à Presidência da República. Um arrivista impulsivo, populista e vingativo. Dir-me-ão que PSL revela inteligência e ambição política. Poderá ser que sim. Mas para se estar na política também é preciso sentido do dever, ideologias definidas, mais vontade de fazer do que vontade de ser, seriedade e respeito pelos compromissos. Muitas destas características estão fora do alcance de PSL. PSL na Presidência? Poupem-me. Já me chega ter de o aturar em cargos que só duram quatro anos.
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