Uma forma de estar na vida
A França aprovou ontem, por larga maioria, restrições aos símbolos religiosos nas escolas públicas. É impossível evitar uma certa perplexidade perante uma medida que parece confundir a desejável laicização do Estado com uma, no mínimo, duvidosa laicização dos estudantes. Mais ainda, causa desconforto sentir que é uma lei, na sua génese, talhada de propósito para a comunidade islâmica.
Não é incomum encontrar pessoas surpreendidas com esta medida. Sobretudo surpreendidas com o facto de tudo se ter passado em França. Os estereótipos ainda são o que eram. Ainda estamos habituados a pensar numa França revolucionária; numa França iluminista e progressista; numa França pátria da Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Com esta legislação sabemos que não só no meio estudantil, mas também em toda a França, a Fraternidade foi descuidada, a Liberdade está mais limitada e a Igualdade foi nivelada por baixo.
Não são fenómenos que nos sejam desconhecidos. Também por cá sabemos o que é nivelar por baixo. Perante as regalias de determinado grupo social surgem imediatamente a inveja mais torpe e a pequenez de mentalidade. As posições confortáveis nunca são atribuíveis ao mérito. Se alguém se destacar da mediania, para não dizer da mediocridade, logo aparecem as vozes de indignação, clamando contra injustiça, exigindo a reposição da condição de igualdade miserabilista que caracteriza os que são incapazes de conviver com o conforto e a felicidade alheia. Pobres miseráveis que, à custa de tanto lutarem contra o bem-estar dos outros, nunca encontrarão a sua própria felicidade.
É sempre mais fácil destruir, deitando por terra as conquistas dos outros, do que exercer os direitos de cidadania com responsabilidade e perseverança, construindo um país melhor.
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