Pequenas batalhas
O restaurante onde habitualmente almoço disponibiliza para os seus frequentadores a consulta de dois jornais, um generalista e um desportivo. Existe, por isso, uma natural competição pela posse dos títulos. O número de interessados, traduzindo uma tendência nacional, não é muito alto. A contenda reduz-se às mesmas quatro ou cinco caras de sempre, sendo que uma dessas caras é a minha. Esclareça-se que concorro exclusivamente pela edição generalista. Já há uns meses que troquei o DN pelo Público pelo que assim tenho a oportunidade, sem custos acrescidos, de não perder completamente o contacto com o primeiro. Do leque de concorrentes, nutro uma especial antipatia por um deles. Calculo que seja mútua. Há trocas de olhares que não deixam margens para dúvidas, chegando mesmo a roçar a soberba ou o desprezo, consoante se esteja ou não na posse do DN. Os dias vão passando assim. Umas vezes vitoriosos, outras derrotados. Mas hoje foi diferente. Hoje, estando o DN na minha posse e o Record nas mãos de um dos outros concorrentes, sobrou-me ainda o supremo prazer de ver o alvo das minhas antipatias reduzido à leitura da revista Caras. O repasto teve um gosto ainda mais especial.
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