Multipartidarismo
Interroga-se o Irreflexões sobre as vantagens dos partidos praticamente inexistentes em continuar a existir e, mesmo a concorrer às eleições europeias. Deixando de parte as convicções ideológicas, que certamente as há, julgo que a grande vantagem para estes partidos é constituírem um grupo de pressão sobre os maiores partidos e a opinião pública em geral. Muito embora tenham uma expressão eleitoral residual, muitas vezes têm nas suas fileiras militantes com alguma exposição mediática. Desta forma podem acalentar o ensejo de, por vezes, conseguir incomodar suficientemente os maiores partidos de forma a capitalizarem as concessões que estes estejam dispostos a fazer.
Por outro lado, os pequenos partidos, certamente, também alimentam pequenas fogueiras de vaidades e jogos de poder. Não conhecendo em pormenor a realidade interna de nenhum partido, não vejo por que razão ela possa variar significativamente de uns para outros, salvaguardadas as devidas idiossincrasias. Assim sendo, se acontece nuns, por que não nos outros?
Muito provavelmente, não há uma razão solitária capaz de explicar a manutenção destes pequenos partidos. A sua existência dependerá de uma confluência de motivações e interesses que se vão articulando de uma forma que vai assegurando a sua subsistência. Um equilíbrio tão delicado quanto interessante.
A perda de eleitorado pelos partidos mais pequenos é motivo de preocupação. Para que a democracia funcione bem não basta que haja eleições livres, também fazem falta alternativas. Existe uma crescente pressão para a bi-polarização partidária. A sobrevivência dos pequenos partidos parece-me uma causa altamente defensável. Quanto mais diversos forem os interesses representados menor será a possibilidade de centralizações abusivas. É claro que alcançar consensos se pode tornar mais difícil. Mas também ninguém disse que isto ia ser fácil.
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