terça-feira, junho 01, 2004

O futuro dos blogues

O blogue Blasfémias, que já de si teve origem numa mega-fusão de blogues, assegurou mais uma participação de peso. João Miranda, do Liberdade de Expressão, acabou de se juntar à já incontornável equipa de blasfemos.
Sempre que um bloguista anuncia o fim do seu blogue é impossível evitar pensar na efemeridade deste meio. No entanto, os blogues colectivos introduzem uma variável que merece atenção na análise deste fenómeno. Já foi referido por vários blogues que o facto de partilhar a “responsabilidade” da publicação alivia, de certa forma, o peso de manter um blogue com uma actividade minimamente regular. Os blogues colectivos podem, por isso, representar um passo quase necessário para quem se depara com dificuldades de compatibilização do espaço blogosférico com outras dimensões da sua vida. Este é um aspecto que ajuda a conferir à blogosfera um carácter já não tanto efémero quanto volátil.
Outro aspecto relevante é o facto de os blogues colectivos que estejam abertos à renovação dos seus participantes activos permitirem que este meio atinja um patamar superior. A renovação dos nomes que fazem um blogue pode levar, em última análise, a que este se torne em muito mais do que os seus autores. Podemos estar perante uma condição fundamental para assegurar a existência do blogue para lá da vontade e possibilidade do(s) seu(s) fundador(es).
Tendo em consideração que, à semelhança de outros meios de comunicação como os jornais ou os canais televisivos, qualquer blogue possui também uma linha editorial, não será de estranhar que, com a rotatividade dos responsáveis pela publicação, se sintam mudanças na orientação dessa linha ao longo do tempo. No fundo, estaremos perante um fenómeno conhecido aplicado a um meio relativamente novo. A grande diferença residirá, provavelmente, na velocidade e frequência que essas alterações atingirão. Mas a rapidez de reacção deste meio não é novidade para ninguém que o acompanhe de perto. Assistir a essas transformações será somente o constatar de uma regra já decifrada há algum tempo.