segunda-feira, maio 31, 2004

Um mau começo

O nível que tem vindo a atingir esta campanha eleitoral é já assustador. Não são tratados os temas mais quentes da construção europeia, não se discutem as implicações do alargamento e não se reflecte sobre o papel de Portugal no novo espaço europeu. Mas, mais ainda, nem só de vazio argumentativo se tem feito esta campanha. Alguns intervenientes, com especial destaque para a liderança do Partido Popular, têm vindo a utilizar repetidamente um tom agressivo e insultuoso sobre outras candidaturas. Deus Pinheiro, cabeça-de-lista da coligação, já veio demarcar-se destas declarações, embora, porventura, não de forma tão incisiva como seria de esperar. De facto, acaba por ser pouco relevante que Deus Pinheiro não se reveja no tipo de declarações que o PP tem feito nos últimos dias e que afirme a respeitabilidade de todas as candidaturas. O que carece de ser reforçado é que o tipo de discurso produzido pelos líderes do PP é absolutamente inadmissível e não é característico de uma forma de fazer política, mas sim de uma forma de estar na vida. O insulto e a agressão gratuita não pertencem, nem nunca pertenceram, à política. Tratam-se de uma forma inqualificável de estar na vida e seriam igualmente censuráveis numa mera conversa de café. São reveladores de uma falta de respeito generalizada, de má educação, de baixeza de nível e de falta de carácter. E quem é detentor de tão fracas capacidades não deve ter lugar no campo da política, onde as virtudes e as competências devem sofrer um escrutínio ainda mais rigoroso.