quarta-feira, maio 26, 2004

O silêncio não é de ouro

A maioria parlamentar quer tratar as manifestações nas galerias da AR como se fossem acções perpetradas por hordas de bárbaros dos tempos modernos. Comparar qualquer manifestação de protesto nas galerias ao hooliganismo é revelador de uma visão do mundo que se dá mal com as liberdades. É certo que as galerias não têm como função ser palco de protestos. Mas também é certo que já existem medidas que podem ser, e são, tomadas quando tal se torna necessário. O que não faz qualquer sentido é querer equiparar manifestações da liberdade de expressão, ainda que fora dos locais mais adequados, a actos de violência gratuita dos quais resulta um sofrimento humano inegável.
Resta saber se esta ânsia dos deputados da maioria em querer remeter a AR a um silêncio monástico não é, na realidade, um subterfúgio que conduz a um isolamento anti-democrático e disfarça a inoperacionalidade das suas bancadas, a impopularidade das suas ideias e as consequências gravosas para o país das suas votações. Juntando a estas tenebrosas intenções as descabeladas declarações, a roçar o anti-comunismo primário, do primeiro-ministro no congresso do PSD, temos como resultado uma forma de fazer política que é autista, elitista e petulante, da qual Portugal guarda uma boa memória de quase meio século. Mais não, obrigado.

2 Comments:

At 7:45 da tarde, Anonymous Anónimo said...

E quem controla a verborreia que, por vezes, assola aquelas bancadas? Sim, porque pedir civismo e contenção nas galerias para melhor se ofenderem nas bancadas é surreal!!! Gostei do post!

 
At 7:45 da tarde, Anonymous Anónimo said...

E quem controla a verborreia que, por vezes, assola aquelas bancadas? Sim, porque pedir civismo e contenção nas galerias para melhor se ofenderem nas bancadas é surreal!!! Gostei do post! Mr.O sisoincluso.blogspot.com

 

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