segunda-feira, setembro 13, 2004

Três ideias e uma sugestão

Indexar taxas aos rendimentos declarados pelos utentes, enquanto não se proceder a uma alteração profunda na capacidade do Estado para aferir a veracidade dessas declarações, é introduzir ainda mais iniquidade num sistema já de si muito deficitário.

O Estado gasta muito com a saúde, é um facto. Os portugueses também gastam muito com a saúde. E recorrem com muita facilidade às unidades de saúde, sobrecarregando-as desnecessariamente. Pode poupar-se dinheiro, mesmo muito dinheiro, se o Estado (leia-se: o(s) governo(s)) se preocupar em estruturar um sistema de saúde que consiga responder com eficácia em níveis mais próximos do cidadão. Se os centros de saúde forem dotados de pessoal e equipamento que os habilite a uma prestação de cuidados de saúde mais abrangente, muito provavelmente os utentes deixariam de acorrer às urgências hospitalares com tanta frequência.

Embora os responsáveis políticos quase nunca falem nisso, reduzir a despesa no sector da saúde também passa pela prevenção e educação para a saúde. Este é um aspecto essencial, capaz de inverter tendências. O problema com a educação e prevenção é que não depende só da vontade das pessoas para adoptarem estilos de vida diferentes. Depende também da sua real capacidade. Num país em que milhares de pessoas passam fome e em que a pobreza atinge valores vergonhosos, não se pode pedir que coisas aparentemente simples, como os cuidados com a saúde oral ou com uma dieta alimentar equilibrada, possam atingir os níveis desejáveis.

A saúde é um dos indicadores mais objectivos do desenvolvimento de um país ou de uma região. Neste, como noutros casos, os números revelam bem o país que temos. A título de exemplo, podem ser consultados no site da Organização Mundial de Saúde alguns indicadores. A comparação com Espanha é já bastante elucidativa. Consultando as tabelas da ONS, podemos ficar a saber quantos mais anos saudáveis poderíamos viver se tivéssemos nascido do outro lado da fronteira (links para os dados sobre Portugal e Espanha). Interessante... ou deprimente, dependendo do ponto de vista.

1 Comments:

At 10:53 da tarde, Anonymous Anónimo said...

No caso concreto de Portugal, sempre se afirmou e parece não haver desmentido, que gasta tantos recursos financeiros como a Espanha e no entanto a qualidade dos cuidados de saúde deixam muito a desejar quer do ponto de vista qualitativo quer quantitativo.

 

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