Big brother
Pacheco Pereira explora no Público as transformações sociais introduzidas pela generalização do uso do telemóvel na nossa sociedade. Na análise de JPP destacam-se duas consequências relevantes. Nomeadamente, a introdução de uma nova dimensão de má educação, associada à incomunicabilidade, e a limitação à privacidade que decorre desta impossibilidade social de permanecer incontactável.
Evidentemente, admitindo estas duas hipóteses, levantam-se alguns desafios ao respeito e manutenção dos espaços privados. Não porque o conteúdo das novas formas de controlo seja radicalmente diferente, mas apenas porque as tecnologias evoluíram de uma maneira que tornam mais permeável o espaço privado. Afinal, o controlo formal e informal de terceiros é algo com o qual convivemos frequentemente no dia-a-dia, até mesmo em contextos de quotidiano familiar.
No fundo, tudo se pode resumir a questões éticas que já se equacionam há muito tempo. Quem já consegue respeitar os limites do bom senso e opta por não sacrificar os meios aos fins a alcançar, muito provavelmente conseguirá manter esta postura independentemente da tecnologia ao seu dispor. A nível institucional, no entanto, sobretudo no que diz respeito às entidades que zelam pelos direitos e garantias dos cidadãos na área da protecção de dados e informações, não é de desprezar a ideia de jogar pelo seguro, conferindo-lhes a capacidade de dar resposta às novas exigências.
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