quinta-feira, janeiro 13, 2005

Intenção de voto (1)

Merece o meu voto o partido que se comprometer a acabar com os Hospitais SA. Se o sector privado quer ganhar dinheiro com os hospitais, nada contra. Mas, ao menos, que os construa.

7 Comments:

At 6:10 da tarde, Blogger LFV said...

De acordo! E melhor seria também que construísse as autoestradas, constituísse empresas de telecomunicações, arranjasse operadores alternativos de correios. E, como é para benefício do contribuinte, que comparticipasse nos prejuízos da CP e da TAP.

 
At 1:54 da manhã, Blogger arte said...

Também concordo plenamente.O sector privado que ganhe dinheiro à sua custa.Até eu gostaria que o governo me financiasse uma empresa e que os meus custos fossem zero.Quem não gostaria?Agostinho

 
At 12:45 da tarde, Blogger SG said...

Há por aí uma grande confusão em relação a esta questão.

1. Os hospitais S.A. não são hospitais privados. São apenas e só hospitais que foram trasnformados em Sociedades Anónimas para agilização da gestão, sendo o Estado dono de 100% do capital.
2. A famosa empresarialização consiste na alteração das regras de gestão, com regras internas que permitem um melhor aproveitamento dos recursos existentes, flexibilidade de contratos e maior correlação entre responsabilidades e obrigações.

É preciso desdramatizar esta questão e despolitizá-la porque é da nossa saúde que se trata e temos que pensar no que é melhor TECNICAMENTE e não continuar a invocar preconceitos políticos bafientos.

 
At 5:54 da tarde, Blogger Miguel Silva said...

Caro Serafim,
Tenho grandes dificuldades em aceitar lógicas empresarialistas em sectores como o da Saúde. Mas o que me causa maiores reservas é entregar-se a gestão a grupos privados, que certamente não se encarregam dela apenas baseados na boa vontade. Certamente, lucram qualquer coisa com isso. Assim, o facto de os hospitais SA não serem privados é um dos principais argumentos para eu não gostar do conceito SA. O dinheiro investido é público, mas uma parte dele acaba na mão dos interesses privados ligados ao sector. O que não me parece o melhor aproveitamento que se pode fazer dessas verbas.
Por outro lado, não me convenço que o sector privado consegue gerir melhor que o público. Pelo contrário, estou convencido que há muito interesse em fazer crer que o Estado não tem capacidade ou perfil para gerir determinados sectores. Mas se os interesses privados cobiçam essas áreas é porque é possível fazer dinheiro com elas. E como uma pessoa não recebe um atestado de estupidez só porque é funcionário público, é de supor que, se os hospitais têm problemas financeiros e de eficiência, o problema é sobretudo organizacional. Se é um problema desta natureza, tem solução, assim haja vontade para a encontrar. O que parece é que não só não tem havido vontade de encontrar soluções, como há agentes particularmente empenhados em terminar com a prestação de cuidados de saúde pelo Estado, o que seria óptimo para o sector privado em termos de diminuição de concorrência no negócio da Saúde. Ainda assim, não dispondo de dados concretos, o que é sempre desaconselhável neste tipo de argumentação, não tenho a certeza que a gestão SA esteja a mostrar resultados tão satisfatórios que justifique a manutenção da aposta. Aliás, desconfio que algumas das medidas adoptadas são mesmo contraproducentes. Ao abrigo da desejável responsabilização e optimização de recursos estão a ser difundidas políticas neo-liberais de gestão com a aplicação das quais não concordo, qualquer que seja o sector de actividade. Julgo mesmo que a especialização dos profissionais e a sua fidelização à unidade de saúde é essencial para o bom desempenho desta. Pelo que as lógicas contratuais parecem-me, no mínimo, desadequadas.
Por último, julgo que em política é impossível escapar aos preconceitos. O que está em confronto são visões diferentes da realidade. Todos gostariam de ter o melhor SNS que se conseguisse ter, mas acredito que os hospitais SA são algo substancialmente diferente disso. Acredito que há por aqui uma estratégia encapotada de duplo favorecimento do sector privado: a curto prazo com o dinheiro público que é pago pelas gestões dos SA; a médio prazo com uma diminuição da posição do Estado como prestador de cuidados de saúde. Para qualquer uma delas não contem comigo.

 
At 10:20 da tarde, Blogger SG said...

Caro Miguel,
Actualmente estão em "confronto" três modelos de funcionamento dos hospitais:
1. O actual, estilo instituto público, em que há um orçamento histórico, em que tanto faz fazer como não fazer, que a instituição recebe o mesmo, em que existe a Função Pública, emprego para toda a vida, independente da produtividade. O resultado está à vista: deficit financeiro de todos os hospitais, profissionais descontentes e desmotivados, desorganização, descontrolo total de custos.
2. O modelo "empresarial", em que se consideram centros de custos dentro do hospital, que se relacionam em relação a produção e gastos, quer de materiais, quer de recursos,quer de profissionais. Depois a instituição factura, de acordo com uma tabela elaborada pelo "comprador dos serviços" (o Estado). O hospitaltem que cumprir um contrato-programa. Tenta-se optimizar os recursos e fazer a melhor utilização dos proveitos que o hospital ganha. Para isso tem mais liberdade de clontratação e de compras para gerir esse dinheiro e cumprir o que lhe é pedido, através do tal contrato-programa que estabelece com a Administração Regional de Saúde. São hospitais públicos, ou a funcionar de acordo com as regras antigas do Hospital Pedro Hispano ou S. Sebastião, ou de acordo com os novos S.A. que SÃO HOSPITAIS PERTENCENTES AO ESTADO, pois o Estado é dono de 100% das acções. O objecdtivo não é o lucro, mas a gestão dos dinheiros é feita como numa empresa, para eliminar o desperdício ao mínimo.
3. A parceria Público-Privado consiste na atribuição de uma concessão de um hospital a um privado, normalmente quando é necessário construiur um hospital novo (exemplo: Braga, Vila Nova de Gaia, Póvoa/Vila do Conde, Loures, Vila Franca, não me lembro dos outros, são 10). O contratoéo seguinte: o privado constroi o hospital (o de Gaia custa 150 milhões de euros) e fioca coma concessão por x anos. Depois tem um contrato-programa, com a missão de prestar os cuidados de saúde a uma determinada região. O maior problema deste modelo é definir exactamente as regras do jogo, como se viu no caso do Amadora-Sintra, por isso prefiro o segundo modelo.

Como vê não se trata de entregar estas coisas aos "tubarões",trata-se de arranjar uma maneira de gerir melhor o dinheiro que todos pagamos de impostos.

O principal problema não é saber quem é o gestor do dinheiro,mas sim se ele é bem gerido.
Os perigos são a desnatação de doentes (os hospitais terem tendência a rejeitar dos doentes que dão mais despesa) e a baixa de qualidade (os doentes não receberem os tratamentos adequados à sua situação clínica). São estes dois aspectos que qualquer contrato deve salvaguardar.Se conseguir, não interessa quem gere.

(se gosta destes assuntos, passe pelo meu blogue
Um abraço

 
At 10:28 da tarde, Blogger SG said...

Caro Miguel,
Actualmente estão em "confronto" três modelos de funcionamento dos hospitais:
1. O actual, estilo instituto público, em que há um orçamento histórico, em que tanto faz fazer como não fazer, que a instituição recebe o mesmo, em que existe a Função Pública, emprego para toda a vida, independente da produtividade. O resultado está à vista: deficit financeiro de todos os hospitais, profissionais descontentes e desmotivados, desorganização, descontrolo total de custos, lentidão nas compras,obrigatoriedade de concurso público para comprar uma simples seringa.
2. O modelo "empresarial", em que se consideram centros de custos dentro do hospital, que se relacionam em relação a produção e gastos, quer de materiais, quer de recursos,quer de profissionais. Internamente os serviços debitam uns aos outros os serviços prestados e materiais consumidos. Externamente, a instituição factura, de acordo com uma tabela elaborada pelo "comprador dos serviços" (o Estado). O hospital tem que cumprir um contrato-programa. Tenta-se optimizar os recursos e fazer a melhor utilização dos proveitos que o hospital recebe. Para isso tem mais liberdade de contratação e de compras para gerir esse dinheiro e cumprir o que lhe é pedido, através do tal contrato-programa que estabelece com a Administração Regional de Saúde. São hospitais públicos, a funcionar de acordo com as regras antigas do Hospital Pedro Hispano ou S. Sebastião, ou então de acordo com os novos S.A. que SÃO HOSPITAIS PERTENCENTES AO ESTADO, pois o Estado é dono de 100% das acções. O objectivo não é o lucro, mas a gestão dos dinheiros é feita como numa empresa (daí o nome), para eliminar o desperdício ao mínimo.
3. A parceria Público-Privado consiste na atribuição de uma "concessão" de um hospital a um privado, normalmente quando é necessário construiur um hospital novo (exemplo: Braga, Vila Nova de Gaia, Póvoa/Vila do Conde, Loures, Vila Franca, não me lembro dos outros, são 10). O contratoéo seguinte: o privado constroi o hospital (o de Gaia custa 150 milhões de euros) e fica com a concessão por x anos. O Estado ganha porque, sem investimento, passa a contar commais um hospital novo no seu SNS. Depois tem um contrato-programa, com a missão de prestar os cuidados de saúde a uma determinada região.
O maior problema deste modelo é definir exactamente as regras do jogo, como se viu no caso do Amadora-Sintra, por isso prefiro o segundo modelo. As funções da Entidade Reguladora da Saúde ainda não são claras.

Como vê não se trata de entregar estas coisas aos "tubarões",trata-se de arranjar uma maneira de gerir melhor o dinheiro que todos pagamos de impostos.

O principal problema não é saber quem é o gestor do dinheiro, mas sim que ele é bem gerido e que os cidadãos beneficiários do SNS têm os seus cuidados de saúde assegurados e ADEQUADOS.

Esta é a batalha que temos que travar!!!

Os perigos maiores são a desnatação de doentes (os hospitais terem tendência a rejeitar dos doentes que dão mais despesa) e a baixa de qualidade (os doentes não receberem os tratamentos adequados à sua situação clínica). São estes dois aspectos que qualquer contrato deve salvaguardar. Se conseguir, não interessa quem gere.
É sabida que uma percentagem dos doentes têm de doenças que custam muito dinheiro. Esses são "o elo mais fraco" que tem que ser protegido. Os modelos empresariais,desde que as regras estejam definidas de inicio.

(se gosta destes assuntos, passe pelo meu blogue)
Um abraço

 
At 1:41 da tarde, Blogger João Pinto e Castro said...

Genericamente, concordo com o Serafim.

A única coisa que está 100% errada nos Hospitais SA é o nome, que só tem servido para criar confusões.

Deve ser urgentemente mudado.

 

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