terça-feira, outubro 11, 2005

O estigma da homossexualidade

A propósito do casamento entre homossexuais, que se tem andado a discutir novamente entre alguns blogues, recomenda-se a leitura do texto da Helena no Dedos de Conversa. Prefiro os textos assim, a assumir desconfortos e incertezas. Confesso-me um pouco saturado dos que nunca se enganam e raramente têm dúvidas. E depois da noite de domingo não faltará muito para termos dose reforçada de certezas nos próximos cinco anos.
Já escrevi alguns posts a expressar a minha opinião sobre o assunto. A preguiça impede-me de os procurar e linkar, mas quem acompanhe este blogue há-de saber que defendo o casamento entre homossexuais e, até, que estes possam adoptar crianças. A pluralidade de estilos de vida não nos permite criar uma imagem fiel da homossexualidade, da mesma forma que não o conseguimos fazer em relação à heterossexualidade. Sabe-se, porém, como os preconceitos funcionam e, neste aspecto, por exemplo, como a promiscuidade heterossexual masculina é vista de forma diferente da promiscuidade heterossexual feminina, e como estas duas são vistas de forma diferente da promiscuidade homossexual.
Para levarmos a nossa vida em sociedade enquadramos as pessoas em categorias e criamos representações de como os comportamentos dessas pessoas devem ser, em função da categoria em que se encontram. Depois estigmatizamos tudo o que escape ao que é considerado aceitável. A estigmatização é um processo omnipresente na interacção social, embora por vezes nem sempre consciente. Constantemente agimos e reagimos em função das perspectivas de estigmatização social, quer seja ao escolher a roupa para sair de casa, quer seja ao conversar com amigos e colegas de trabalho. A gestão da informação que fazemos no dia-a-dia, optando por abordar alguns temas com umas pessoas e não com outras, mais não é do que procurar corresponder às expectativas e evitar o incómodo ou a vergonha. Numa palavra, o estigma. Evidentemente, mais do que alternar entre juízes e réus deste julgamento público, assumimos simultaneamente os dois papéis nos nossos relacionamentos. Controlamos enquanto somos controlados.
Por vezes, quando determinadas situações sociais escapam demasiado à normalidade ou ao tolerável, o estigma torna-se virtualmente impossível de iludir. É o caso, ainda de forma muito significativa, da homossexualidade. Como poderia ser de outra forma quando a "lei natural" é um dos grandes argumentos dos que se opõem ao reconhecimento dos direitos dos homossexuais? Nestas situações em que o estigma está tão difundido na sociedade geram-se estratégias de reacção dos estigmatizados que podem ir desde a vitimização ou procura de aceitação ao desdém ou à hostilidade. Passando, claro, pela afirmação do orgulho na sua condição.
Ou seja, e para chegar finalmente onde pretendo, a imagem de extravagância e o orgulho gay que alguns homossexuais nos oferecem não podem ser entendidas como uma acção independente das relações sociais em que surgem. Em boa medida, estão interligadas com as ideias que vigoram na sociedade. Alterando-se as representações sobre as "naturezas" das sexualidades, necessariamente alterar-se-ão as estratégias de reacção dos grupos visados. Por esse motivo, a alteração de comportamentos depende da interacção, isto é, de acções mútuas. A responsabilidade em questões deste calibre é, muitas vezes (muito mais vezes do que gostaríamos de admitir), de todos os intervenientes. Sacudir essa responsabilidade apenas para um dos lados nesta questão não é apenas injusto. É simplesmente errado.

5 Comments:

At 10:24 da tarde, Blogger Helena Araújo said...

Obrigada!
E aproveito para chover mais um bocadinho no molhado:

- Esta discussão lembra-me um poema de Brecht (cito de memória):
"Do rio que tudo arrasta
se diz que é violento
mas ninguém diz violentas
as margens que o oprimem."

- Assisti a uma gay pride parade em San Francisco, na Market Street, vendo na encosta ao fundo dessa rua um enorme triângulo cor-de-rosa. Era o símbolo dos homossexuais nos campos de concentração nazis. Foi muito doloroso ver toda aquela exuberância, com muitos exageros mas sobretudo muitos apelos ao direito de ser feliz, e lembrar que há pouco mais de meio século esta gente era enviada para campos de concentração, só por ser assim. E era obrigada a usar aquele símbolo, autêntico convite para mais actos de perseguição dentro do campo.

 
At 4:44 da tarde, Blogger maria said...

Obrigada, Miguel.
Gostei de ler a sua perspectiva sobre este tema

 
At 12:30 da tarde, Anonymous Anónimo said...

texto complectamente ridiculo q demonstra no intimo uma homosexualidade complexada e reprimida.provavelmente de alguem q se aventurou pela civilizaçao europeia estando habituado a um estilo de vida...jurassico de de terceiro mundo.aposto q experienciou traumas ligados a homosexualidade mt provavel de um dos progenitores e isso inconscientemente se reflectiu numa forma ridicula de ver o mundo...isto pq raramente me engano...

 
At 11:30 da tarde, Anonymous Anónimo said...

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At 11:16 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Às vezes parece irreal que pessoas como um anónimo ai de cima possam escrever tamanhas barbaridades. Ou talvez essa reacção seja também ela resultado de uma homossexualidade exponencialmente recalcada. É triste =/

 

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