A polémica de MMC
Manuel Maria Carrilho foi dos primeiros a afastar-se da trajectória delineada por António Guterres para o governo PS. Logo nessa altura se pôde identificar, mais ou menos claramente, uma aspiração à liderança do partido a médio prazo. As suas recentes tomadas de posição revelam uma aposta crescente nesse sentido. Existem, pelo menos, duas posições dominantes em relação às suas opções. A primeira é pensar que Carrilho revela oportunismo e falta de coragem. A segunda é pensar que um partido democrático deve ser pluralista e que MMC se limita a dizer o que muitos pensam.
Acontece que MMC não é o único a criticar a liderança de Ferro Rodrigues. Na realidade, o que é difícil é encontrar quem a defenda. A comunicação social é-lhe quase toda hostil. Praticamente não há comentadores que apoiem as opções políticas desta direcção. Nesta medida, MMC não é inovador.
A minha posição aproxima-se muito da de JMF. Quem critica é bom que tenha propostas concretas para apresentar. Sobretudo se quer assumir-se como alternativa. Alguém é capaz de caracterizar o pensamento político de MMC? Alguém é capaz de enumerar os seus contributos políticos concretos depois das legislativas que deram a vitória ao PSD? Mais ainda, as divergências nos momentos críticos são realmente uma opção muito fácil. O complicado é enfrentar o combate quando o contexto não é favorável. MMC divergiu quando o governo PS começou a sentir dificuldades. Volta a divergir agora, quando o PS enfrenta, provavelmente, a sua maior provação de sempre. Mas, se calhar, MMC nunca terá feito parte deste PS, nem sequer do PS de Guterres. Talvez o único PS conveniente a MMC seja o seu PS.
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