SIDA e prevenção (II)
Em relação à questão da prevenção da SIDA na toxicodependência, e no seguimento do post anterior, o caso é complexo, como muito bem diz o Acanto. O que acontece é que, antes de se assumir se estamos perante um crime ou uma doença, devemos perceber que estamos perante um comportamento. Um comportamento altamente lesivo da saúde física, psicológica e social do consumidor, mas, de qualquer forma, um comportamento. E os comportamentos só se alteram quando o envolvido está realmente decidido a fazê-lo. Por isso, por muito conveniente pudesse ser, não faz sentido impor tratamentos ou condutas aos toxicodependentes. Obviamente, mais uma vez, isto não significa que não se avance com soluções que tanto devem ser de resposta imediata como de planificação estratégica. Nas primeiras, que serão, para já, o único alvo de atenção, devem-se incluir medidas de apoio aos toxicodependentes, nomeadamente na disponibilização de estruturas que ajudem a atenuar a situação de exclusão social em que se encontram. Devem também ser disponibilizadas estruturas que permitam ao toxicodependente, enquanto durar a sua dependência, usufruir das condições de higiene e saúde a que tem direito como qualquer ser humano. Dentro destas condições devem estar previstas medidas de combate à propagação da SIDA e de outras doenças, que passam também pela troca de seringas e que poderão passar pelas salas de injecção assistida. Para mais, é dentro de estruturas de contacto directo e apoio aos toxicodependentes que se pode esperar maior sucesso na identificação do momento certo do corte com a dependência. Quem tem, ou já teve, alguma forma de contacto com este fenómeno sabe, como já disse, que não se ataca a dependência à revelia do dependente.
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