sexta-feira, janeiro 09, 2004

Pegar em armas

Não sei o que move o homem num cenário de guerra. Não sei se será a coragem, ou o medo, ou antes a loucura. Não sei se, mesmo para defender tudo o que me é querido, alguma vez teria forças para fugir aos snipers pelas ruas de Sarajevo ou desembarcar e correr pelas praias da Normandia. Algumas coisas só se sabem quando se passa por elas.
Não posso evitar um sentimento ambíguo em relação a esses homens. Esses que desembarcam nas praias e correm e fogem e se escondem e se levantam e lutam e matam e morrem. Sujeitos ao medo, à loucura, à dor e à morte. Capazes de actos tão bravos, quer lhes venham da coragem, do medo ou da loucura. Mas capazes também das maiores atrocidades, Capazes de cumprir o que quer que seja sem pestanejar. E também sem fazer perguntas. Sem nunca fazer perguntas. Sem nunca se interrogarem.
Acho que nunca me deixarei de espantar com os que são capazes de se exporem ao perigo, tal como nunca deixarei de me espantar com os que nunca fazem perguntas. Por motivos diferentes, claro.