Um mau exemplo
Quer o Ministério da Justiça tenha incorrido em crime fiscal ou não, Celeste Cardona, Bagão Félix, Ferreira Leite e Durão Barroso não poderão deixar de tirar as conclusões políticas do facto. As titubeantes explicações até agora avançadas raiam o absurdo. Chegou a ser referido, em jeito de atenuante, que ninguém se tinha apropriado das importâncias, limitando-se estas a ter ficado retidas. Esta triste declaração estabelece o sentido de estado de quem a proferiu. Era o que mais faltava que alguém se tivesse apropriado dos descontos dos trabalhadores. Era o que mais faltava que estes tivessem sido utilizados para outra finalidade que não aquela a que exclusivamente se destinam. Para mais, ficou implícito que a situação não se solucionou antes por manifesta falta de coordenação entre ministérios. As pessoas responsáveis pelas tutelas terão de assumir as consequências de tanta insensatez e incompetência. E o Primeiro-Ministro, que responde por todos eles, também terá de o fazer.
Talvez eu seja impaciente com estes fenómenos, mas este caso parece reunir todos os ingredientes para fazer cair ministros, senão mesmo todo o governo. Governantes que personificam o descuido a que são votados os trabalhadores, o Estado e as contribuições de uns para o outro não reúnem condições para se manter no cargo. É tudo ainda mais escandaloso quando se sabe que a coligação PSD/PP quer fazer passar a mensagem do rigor nas contas e da caça às infracções. Comecem por eles próprios.
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