quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Celeste Cardona

Segundo o Público, Celeste Cardona já percebeu que o seu nome é dos primeiros na lista de remodelações deste governo. Nem dentro da coligação a ministra encontra apoio.
Celeste Cardona limitou uma boa parte da sua governação à conclusão de propostas políticas iniciadas pelo anterior governo. O seu nome fica também ligado a uma das fases mais controversas do sistema judicial português. É certamente injusto imputar-lhe mais responsabilidades do que as que realmente teve na presente situação da Justiça. Para isso, teria sido necessário que a ministra tivesse esboçado algo que se assemelhasse, ainda que remotamente, a uma estratégia de governação. O que não foi o caso. Celeste Cardona passou sempre ao lado das grandes questões da Justiça. E se não se pode inflacionar as suas responsabilidades, também não se poderá esquecer que este foi o ministério das violações sistemáticas do segredo de justiça, da recusa autista das recomendações sobre as salas de injecção assistida e da retenção dos descontos dos funcionários eventuais. Em poucas palavras, do definitivo reconhecimento público da crise generalizada no sector. E tudo isto sem que se tenha ouvido uma palavra à ministra. Tudo sem um sinal de confiança da sua parte. Algo que fizesse acreditar que a situação seria controlada. Pelo contrário. O que sempre sobressaiu na ministra foi uma fé inabalável numa entidade superior de ordem metafísica para prosseguir o seu trabalho. Sem dúvidas. Sem perguntas. Sem respostas.