Duas histórias
Sensivelmente por esta altura, há quase três anos, tive a oportunidade de colaborar num estudo sobre o sector da saúde em Portugal. O trabalho envolvia uma componente metodológica que aconselhava o contacto directo com unidades hospitalares que variavam na sua dimensão, natureza e localização geográfica. Não me vou referir às dificuldades levantadas pelas Administrações Regionais de Saúde ao correcto desenrolar do estudo. Mas posso adiantar que este foi adjudicado por uma entidade pública, o que ajuda a ajuizar sobre a colaboração entre entidades do sector estatal. Queria somente referir, pelo que me foi dado a conhecer, o estado que pode atingir a gestão hospitalar e a avaliação profissional.
A certo momento foi marcada uma entrevista com uma pessoa responsável pelos Recursos Humanos de uma unidade hospitalar de grande dimensão da região Norte. Para registo da informação recolhida foi utilizado, com a devida autorização, um pequeno gravador. Durante a entrevista, a pessoa em questão solicitou diversas vezes que o gravador fosse desligado para apimentar, um pouco mais à vontade, as informações que estava a dar. Deixo dois exemplos que se contam em poucas linhas.
A primeira história diz respeito ao controle financeiro da entidade. Foi assegurado à equipa que se deslocou a essa unidade de saúde que tinham sido descobertos funcionários que, apesar de já não trabalharem no hospital há vários anos (!), continuavam a receber um cheque com a totalidade do valor do vencimento que auferiam. Os responsáveis estavam a tentar, naquela altura, solucionar a situação.
O segundo exemplo está relacionado com a avaliação do desempenho. Simplesmente não existia. Para não criar tensões, era atribuída nota máxima a todos os profissionais. A curto prazo, pelo menos, não se previa que houvesse alterações significativas ao ‘modelo’ utilizado.
Cada um tira as conclusões que quiser.
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