terça-feira, setembro 28, 2004

O PS de Sócrates

O Carlos Alves, no Ideias Soltas, faz uma análise à margem de manobra de José Sócrates no PS após a vitória que obteve. Diz o Carlos que é pouco provável que Sócrates não vá de encontro aos interesses dos seus apoiantes, mas que a margem que possui é tão confortável que lhe pode permitir independência até para adoptar linhas programáticas que se demarquem desse apoio que recebeu.
Parece-me que, apesar de esta hipótese ser viável em abstracto, Sócrates não cometeria o erro e a desfaçatez de renegar os importantes apoios do aparelho. Tão desconfortável como estar manietado por este, é tê-lo como inimigo. No fundo, acaba a ser uma regra de bom senso e coerência. Sócrates não vai morder a mão que o alimenta (pelo contrário, deve até acarinhá-la), nem vai distanciar-se do rumo ideológico que o caracteriza. O recém-eleito secretário-geral, apesar do que disse na campanha, não é um homem muito dado às esquerdices. É antes um convicto adepto do pragmatismo centrista e devem ser esses os caminhos que o PS vai trilhar nos próximos anos. Os primeiros sinais já foram dados no sentido de impor, desde logo, disciplina interna e condicionar as eventuais oposições. Esperemos, então, para ver como se vai processar a integração das outras candidaturas neste PS.

1 Comments:

At 6:43 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Sim, Miguel, o centrismo de Sócrates é mais do que evidente.
No entanto, não por uma questão de convicção mas antes por sede de poder à qual não me parece poder ser isento, poderá sempre ter a tentação de, sob o pretexto da unidade do PS, abalar a cadeia de fidelidades de comando do aparelho para impor directamente o seu poder.
A vontade já manifestada de manter António José Seguro como líder da bancada poderá ser entendido até como um sinal nesse sentido.
Mas, como disse, a var vamos.

carlos a.a. / Ideias Soltas

 

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