Um fim para o desporto
Há já uns dias, responsáveis do Manchester United reclamaram um novo modelo de organização da Liga dos Campeões. Em causa estava arquitectar um modelo que assegurasse a passagem aos quartos-de-final das maiores equipas europeias. Esta semana foi a vez de Bernie Ecclestone, responsável máximo pela Fórmula 1, se manifestar sobre os resultados mais desejáveis no respectivo campeonato. Não passa pela cabeça de ninguém que o responsável máximo por uma modalidade desportiva venha a público tomar partido por alguns dos competidores em detrimento de outros. Bem entendido, o que move Ecclestone não é exactamente a maior ou menor afeição por uma ou outra equipa. O que o move, tal como ao Man. Utd., é o interesse financeiro.
Não se pode ter a ingenuidade de considerar que o plano financeiro não adquiriu uma importância primordial em muitas modalidades desportivas, das quais as duas referidas são dos melhores exemplos que se pode referir. Contudo, uma coisa é constatar esta realidade, que já vinga em pleno há alguns anos, e outra é ouvir o desassombro com que é publicamente reconhecida a subalternização do plano desportivo. Declarações como as de Ecclestone, ou dos responsáveis do Man. Utd., revelam um despudor inaudito. A actividade desportiva, o desporto e o desportivismo são relegados para segundo plano como conceitos vãos e já nem sequer existe a preocupação de acautelar as aparências. No fundo, o que choca já nem é a importância dos cifrões, mas sim que os agentes envolvidos na subversão das modalidades desportivas já se sintam suficientemente confortáveis e confiantes para defender os seus interesses abertamente. O que é muito mau sinal.
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