domingo, agosto 28, 2005

Meta micro-causas

Entendo os blogues como um entretenimento. Não aspiro a muito. Não aspiro a ter muita audiência, não aspiro a exercer influência, não aspiro a funções de zelador do que quer que seja. Não tenho agenda. Obedeço à vontade do momento e a mais não me obrigo. Este blogue deve ser um prazer e não uma obrigação. Sem obrigatoriedades, responsabilidades e aspirações a influência, falo e calo sem justificações. Tenho reservas sobre a verdadeira influência dos blogues, mas, ainda que me engane, não pretendo mais para este espaço do que uma forma de participação despreocupada.
Existe quem não entenda os blogues assim, quem reclame para os blogues outras funções. Sobretudo, influência. A influência implica poder; o poder implica responsabilidade. Quem reclama para os blogues uma forma de poder, tem de estar preparado para o exercer com responsabilidade, o que passa por não se furtar a comentar assuntos de relevância incontornável, por mais desconfortáveis que sejam.
O silêncio à volta das declarações de Carmona Rodrigues (que, sem assombro, confessou estar disposto a pagar apoios políticos com dinheiro público) contradiz o poder que se pretende para a blogosfera. Se não existe capacidade, ou vontade, de reconhecer o ultraje para a coisa pública que são aquelas declarações, então não se pode reivindicar para os blogues mais do que um estatuto de passatempo elaborado.


Carmona Rodrigues: Numa tentativa de estar bem com a minha consciência – sou uma pessoa de princípios – se tinha inicialmente dado abertura à inclusão de um nome na lista da Assembleia Municipal, e tendo o PSD inviabilizado essa hipótese, disse: olhe, apesar de tudo, se não houver viabilidade para isto, haverá viabilidade de outra forma.
Sábado: O que quer dizer com "outra forma"?
Carmona Rodrigues: Falei de outra forma de participar, algo ligado à autarquia, que poderia passar por uma consultoria ou qualquer coisa. O que aliás são coisas normais.
Sábado: E o que seria essa consultoria?
Carmona Rodrigues: Qualquer coisa, não faço ideia, ficou assim no ar.

13 Comments:

At 4:17 da tarde, Blogger pdasilva said...

Acho que tem razão, no seu post. Mas é pena que Carmona tenha esse comportamento, uma vez que parecia poder tornar-se num oásis, no meio de tanta desfaçatez que por aí há na política...

 
At 4:39 da tarde, Blogger mfc said...

O blog é um estado de alma e um divertimento...é assim que o encaro.
E olhea que me tem proporcionado bons momentos de gozo, neste quase anito(faltam dois dias...) que por aqui ando.
Quanto ao Carmona... que descanse em paz!

 
At 11:37 da tarde, Blogger Miguel Silva said...

Meus caros,
estão mesmo convencidos que Carmona está em maus lençóis? Nem a blogosfera nem a comunicação social pegaram nesta história. Carmona nem sequer vai cair em desgraça para ser, daqui a uns anos, mais um daqueles casos de renascimento das cinzas.
Mas que fique bem claro, eu não defendo que exista uma exigência de abordar este ou outros temas semelhantes nos blogues. Limito-me a afirmar que quem reclama os blogues como um meio de influência, esse sim, tem de prestar atenção a estes casos.

 
At 10:23 da manhã, Blogger Rui MCB said...

...até porque martirizar Carmona Rodrigues apenas por dizer ir fazer o que demasiadas vezes aparece feito a nível autárquico seria hipocrisia do denunciador. O que está fundamentalmente errado não é o que Carmona Rodrigues diz fazer mas antes o que o enquadramento legal, por exemplo das empresas municipais, permite fazer (com a tutela a fazer de tutelado via vereadores ou mesmo presidentes de câmara a serem gestores de empresas municipais).
Quanto ao resto estou com o Miguel, é preciso que se saiba o que cada candidato diz fazer antes de irmos a votos para cada um votar em consciência. No meu caso muito particular, e fazendo o julgamento político, ainda que não me reveja nestas práticas como as melhores práticas para o bem do concelho, não será esta declaração pública (num orgão de comunicação social) suficente para me demover de votar nele. Seria desejável que clarificasse exactamente que coisa é essa que se arranjaria, mas até na formação de um governo de coligação temos sempre essa dúvida: que papel a cada uma das partes? Que Ministérios? Que Secretarias de estado? Que Cargos de gestão de nomeação política ficarão a cargo de cada uma das forças coligadas?
Ainda assim seria de todo preferível que este tipo de transparência (ingenuidade?) demonstrado por Carmona Rodrigues fizesse escola, até para ser mais fácil demarcar uma alternativa melhor - que não vejo por agora.

 
At 11:15 da manhã, Blogger Miguel Silva said...

Ó Rui, ou eu interpretei muito mal as palavras de Carmona Rodrigues, ou não estamos a falar de cargos de nomeação política. Estamos a falar de consultorias (nem sequer de assessorias), que deviam ser sempre adjudicadas e não estar sujeitas a promessas de conveniência política.
Quanto ao resto, não sei se estaremos melhor com um aldrabão esperto ou com um ingénuo que nem se apercebe da gravidade dos seus actos.

 
At 4:07 da tarde, Blogger Rui MCB said...

A avaliar pelo indecifrável critério "técnico" de certas nomeações políticas que acabam por ser nomeações de políticos para conselhos de administração onde o Estado ainda mete o bedelho e que se jura a pés juntos serem fundamentadas em critérios de competência técnica (veja-se Fernando Gomes e Armando Vara para não ir desenterrar outras que tais ou piores de outros governos), não consigo ficar mais indignado com as potenciais consultorias e assessorias de Carmona Rodrigues. Particularmente quando ele põe o eleitor de sobre-aviso, como disse. Há que ter isso em 'Compta'! Quem quiser indignar-se que arrepie caminho e sugira uma melhor alternativa. Pessoalmente, para lhe oferecer a cruzinha mais descansadamente, preferia que clarificasse a resposta: que consultoria, que lugar, mas ...
Sobre a tua dúvida final, não consigo ter mais certezas do que tu, mas como já escrevi noutro sítio, não tendo euzinho (ou outro em quem confie) condições para ser alternativa e atendendo ao duelo concreto que nos resta (se olhar para PS e PSD) a minha avaliação de risco leva-me a temer um pouco mais Manuel Maria Carrilho. Just that. E depois acho que CRodrigues tem muito mais margem de aprendizagem do que Carrilho, até pela 'ingenuidade' do primeiro. Parece ser mais humilde nesse aspecto, não sendo desprovido de inteligência, mas poderei enganar-me...De qualquer forma espero não assistir a mais declarações do género da parte de CRodrigues, não havia mesmo necessidade. Já me basta a verborreia ácida, mal educada e algo ressabiada face a meio mundo com que Carrilho vai decidindo compor a sua proposta. Ainda que não me interesse particularmente fica a curiosidade: o PS não aprendeu grande coisa com as últimas autárquicas em Lisboa, bastar-lhe-á que Carmona Rodrigues não seja PSLopes para conseguir ganhar? Ou antes pelo contrário, será mesmo por isso que mais uma prima dona os levará à derrota?

 
At 4:58 da tarde, Blogger Miguel Silva said...

"levar isso em Compta" :-)) (muito bom)

A (pré) campanha do Carrilho parece meter água a uma velocidade vertiginosa e por vários lados. Desconfio que caminha a passos certos para o desastre, mas ainda faltam umas boas semanas.
Sobre as nomeações de gente do calibre de um Armando Vara e de um Fernando Gomes, para não ir buscar outros exemplos, já se sabe, são tachos, ponto final. Ainda assim, sempre há diferenças entre um cargo de nomeação e a potencial subversão das regras de adjudicação dos concursos de uma autarquia (a verficar-se a interpretação que eu lhe dei).
Só não concordo que tenha de sugerir uma alternativa para poder ter o direito de me indignar. O eleitor não tem que ter essa responsabilidade. Isso seria uma inversão dos papéis. A responsabilidade é dos partidos e o eleitor só tem de escolher entre as alternativas, incluindo abster-se, votar nulo ou votar em branco. Votos tão legítimos como outros quaisquer.

 
At 6:49 da tarde, Blogger Rui MCB said...

A indignação não tem de estar condicionada a apresentar uma alternativa, tens razão. O que quiz sublinhar é que neste caso muito concreto, com a oferta política disponível, dava muito jeito que essa indignação fosse semente para uma alternativa (ou no mínimo para que nomeaqdamente o PS não cometesse os mesmos erros)pois não me parece que as alternativas existentes mereçam o benefício do voto, mesmo após as declarações de Carmona Rodrigues.
Infelizmente as alternativas de voto que sublinhas no final devem ser bastante atraentes por estes dias. E ainda que sejam legítimas não deixam de ser um indicador da má "oferta" do sistema político.
Um abraço.

 
At 3:28 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Na realidade há formas interessantes de se justificar o voto. Aqui, num comentário, ficou patente de como votar no Carmona já que "não há alternativa melhor"... Se os politicos não têm grande qualidade, experiência, etc., os eleitores, esses sim, têm opiniões certeiras, tipo únicas e universais, sabem apontar a mira da sua critica certeira e são muito bons a votar!...

 
At 3:31 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Na realidade há formas interessantes de se justificar o voto. Aqui, num comentário, ficou patente de como votar no Carmona já que "não há alternativa melhor"... Se os politicos não têm grande qualidade, experiência, etc., os eleitores, esses sim, têm opiniões certeiras, tipo únicas e universais, sabem apontar a mira da sua critica certeira e são muito bons a votar!..

 
At 10:54 da manhã, Anonymous Anónimo said...

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