Previsões difíceis
Vital Moreira defende que a divisão à esquerda não beneficia Cavaco. Mais ainda, afirma que se este não ganhar na primeira volta, muito mais dificilmente o fará na segunda.
Este raciocínio faz sentido mas encontra-se ligeiramente viciado, não levando em linha de conta que, na segunda volta, nem os votantes, nem as circunstâncias, serão forçosamente os mesmos que na primeira. Quer os resultados eleitorais da primeira volta, quer o seguimento da campanha para a segunda volta, podem motivar novos votantes ou desmotivar certos grupos que se deslocaram às urnas. Evidentemente, é de crer, e tudo aponta para isso, que a esquerda prefira endossar Mário Soares a ter Cavaco Silva como Presidente. Mas o eleitorado da direita também o sabe e pode perfeitamente mobilizar-se mais para uma segunda volta onde tudo se decida definitivamente.
O comportamento social tem esta característica: incorpora o conhecimento produzido para se modificar. O que, não impossibilitando, dificulta significativamente as previsões.
4 Comments:
Concordo em absoluto consigo!!
Mas deixe-me fazer uma breve e simplíssima reflexão sem entrar em pormenores, nem fazer ligações:
penso que a fazer alguma previsão, será com base na análise dos motivos que terão levado à significativa mobilização para a eleição do PM e no retorno que agora estamos a ter com a dita mobilização. Talvez as pessoas se questionem se valerá a pena o esforço... ou pode ainda ser que se queiram redimir....e então...
...reflexões há muitas.....
Tomando como certa a perda de confiança neste governo, é possível imaginar que o eleitorado possa querer corrigir alguma coisa já nas próximas eleições. Sem discutir quem sairia mais beneficiado com isso, seria certo que esse factor funcionaria como um móbil poderoso. No entanto, a tendência dos últimos anos parece ser um afastamento entre eleitos e eleitores, traduzido num aumento da abstenção.
Quanto mais nos aproximarmos das presidenciais, com a ajuda das sondagens, mais precisas serão as previsões.
...e vai o eleitorado continuar a sancionar esta farsa da política portuguesa?
Não será desta que, seguindo finalmente Saramago, haverá um voto maciço em branco, para mostrar o descontentamento com tudo isto?
Não julgo que seja...
Enviar um comentário
<< Home