quarta-feira, outubro 20, 2004

Uma decisão necessária

Ainda não percebi se estão certos os que defendem a teoria de que Santana Lopes quer provocar eleições antecipadas ou se a incompetência e a desfaçatez deste governo estão mesmo para lá de qualquer limite conhecido nos últimos 30 anos. Ou é a vergonhosa prestação de Gomes da Silva em praticamente tudo o que faz e diz, ou é Morais Sarmento a assumir a vontade de controlar politicamente a televisão, ou é o primeiro-ministro a explicar ao país o seu regime de sono. Para Jorge Sampaio, que por esta altura talvez já se tenha apercebido das implicações do monstruoso erro que cometeu, é muito difícil inverter a situação. Com que cara pode o Presidente vir fazer o que devia ter feito há uns meses atrás? Essa opção vai certamente fragilizar ainda mais a sua já fragilizada figura política. Mas não lhe resta outra solução legítima.
Perante os que defendem que o governo deve cair de podre, pode argumentar-se que os danos provocados pela sua actuação são demasiado graves e que é relativamente indiferente saber se resultam de uma estratégia deliberada ou não. Assim sendo, estão em causa questões como a qualidade do exercício democrático das funções governativas, para não falar dos problemas sociais, económicos e financeiros que o OE, na sua deriva populista, promete. Admitindo que não estão errados os que defendem que deixar Santana completar a sua governação é a melhor maneira de o arrumar politicamente (e sobre isto muito haverá para dizer), ainda falta perceber por que é que hão-de ser os que nunca votaram em PSL que devem pagar o preço mais alto. Na realidade, Jorge Sampaio é o principal responsável por termos este governo. Sendo que para nos livrarmos definitivamente da desastrosa equipa de Santana Lopes existe um preço a pagar, a pessoa mais indicada para o fazer é o actual Presidente da República. Jorge Sampaio que tenha a coragem de se sacrificar, corrigindo a asneira que cometeu.

1 Comments:

At 12:54 da tarde, Blogger Unknown said...

"Jorge Sampaio que tenha a coragem de se sacrificar, corrigindo a asneira que cometeu"
Jorge Sampaio é um não Presidente. Toda a sua actuação mostra que na opinião dele o melhor que um Presidente tem a fazer é não fazer nada.
É óbvio que já percebeu a asneira que fez.
Agora desdobra-se em discursos (em várias línguas) sobre tudo e sobre nada.
Mas é pessoa prudente. Teve a lata de aceitar o tal prémio Carlos V e de dizer publicamente que guardava o dinheiro para ele porque os tempos vão maus!
É espantoso! Se uma pessoa com um ordenado de mais de mil contos e reforma (dourada) garantida tem o descaramento de dizer "que os tempos vão maus", o que é que nós podemos dizer?
E, depois, se os tempos vão maus será que ele não tem nenhuma culpa disso?
Não apoiou este governo (apoiou e nomeou)? Não apoiou, apoia e apoiará a adesão de Portugal à União Europeia (e ao Euro)?
Não se recusa a qualquer discurso minimamente crítico sobre a adesão e permanência de Portugal na UE, a decisão política de maior alcance feita por Portugal no Século XX?
Sampaio como Presidente é inútil. Não, não é inútil, é prejudicial...

 

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