Não fumar
No dia em que fumei o meu último cigarro prometi a mim mesmo que não me tornaria num desses ex-fumadores ferozmente anti-tabagistas. Ainda não cheguei lá, mas sinto que me afasto cada vez mais da minha promessa. Muito resumidamente, é bastante ingrato ver os esforços e eventuais benefícios desta opção postos em causa com o fumo passivo. Por vezes, torna-se mesmo exasperante.
Certamente, tudo se poderia resumir a uma questão de bom-senso. Seria muito bom se se pudesse honestamente esperar de todos os fumadores um comportamento responsável e respeitador. Como em muitos outros casos, dos quais a condução é um óptimo exemplo, esperar esta responsabilidade e respeito mútuo é uma utopia. Continua a haver quem fume em locais proibidos, assim como continua a haver quem se mantenha impávido perante o desconforto de outros com o seu fumo. Talvez nem sejam as situações mais frequentes, mas acontecem, incomodam e os não-fumadores têm o direito de não estar sujeitos a elas. Para mais, é ainda notória a má preparação de muitos espaços para o convívio entre fumadores e não-fumadores, nomeadamente no que diz respeito aos espaços de lazer, facto que afasta muitos potenciais usufruidores. Desta forma, é a minoria de fumadores que acaba por se impor na definição do espaço público.
Por tudo isto, acaba por fazer sentido adoptar legislação mais restritiva, se bem que se recomende igualmente o bom-senso. O que seria desejável é que os espaços públicos fossem concebidos para não-fumadores, e não o inverso como agora se verifica, estabelecendo-se zonas específicas para fumadores que também não merecem ser votados ao ostracismo. Não custa reconhecer que a dependência que o tabaco provoca, juntamente com a aceitação social existente, tornam necessárias medidas que não excluam os fumadores. Mas esta inclusão não poderá continuar a fazer-se à custa do bem-estar dos não-fumadores.
1 Comments:
Subscrevo a 100% ... mas ainda sonho de quando em vez com um cigarrit!
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