terça-feira, setembro 30, 2003

Ferrari

Pelos vistos, n’A Sombra há Ferraristas. Por aqui também. Não me lembro de alguma vez ter torcido por algum piloto de Fórmula 1, excepção feita aos que se encontravam ao volante dos carros de Maranello. Sempre foi esta a minha relação com as corridas de automóveis. Quase nenhuma ligação com os pilotos, toda a atenção focada nas marcas.
A Ferrari representa um fenómeno no mundo automóvel, de uma forma geral, e na competição, de uma forma particular. Estatisticamente é a melhor equipa de sempre na Fórmula 1, apesar do lote de rivais dos quais se destaca inevitavelmente a Mercedes.
Mas o maior encanto da Ferrari reside na relação que consegue criar entre os seus carros e os seus admiradores. Certamente, entre os Ferraristas, só um número muito pequeno poderá alguma vez chegar a ter o prazer de possuir, ou sequer conduzir, alguma dessas sedutoras máquinas. Mesmo assim, a Ferrari desencadeia paixões que não parecem conhecer fronteiras nem classes.
Já há uns anos, numa entrevista publicada numa qualquer revista da especialidade, um membro de uma associação espanhola de proprietários de Ferraris comentava que não existia marca de carros mais inútil que a Ferrari. Estava totalmente certo. O Ferrari desloca-se naquelas condições especiais em que não chove, nem faz muito calor, nem o piso não é muito irregular. Não se adapta à condução citadina, nem a muitos outros tipos de condução que não permitam aproveitar as potencialidades do seu motor. Mais ainda, não é um carro fácil de guiar e costuma ser proibitivamente caro, quer no momento da aquisição, quer no da assistência. De resto, tirando os últimos anos, depois da aquisição pela FIAT, nem sequer era uma marca que fizesse questão no luxo ou no conforto.
E é sobretudo aqui que reside a essência do Ferrari. O Ferrari é, antes de tudo, um motor. É um super-desportivo. É essa a sua razão de ser e tudo o resto vem em segundo lugar. Mesmo a reconhecida estética das suas linhas, apuradíssima, aparece como complemento e não como fundamento.
A grandeza da Ferrari reside nas suas opções, na sua tradição e na sua história. Uma marca que não terá tido como campanha de marketing, pelo menos até meados dos anos noventa, muito mais do que as vitórias nas provas onde compete.
Voltamos a encontrar-nos no Japão...

sexta-feira, setembro 26, 2003

Projectos para o futuro

Uma agenda para cumprir a curto/médio prazo:
- actualizar os links das notícias;
- actualizar os links dos blogues;
- inaugurar um novo projecto na blogosfera;
- perceber, de uma vez por todas, como é que se postam imagens;
- ponderar seriamente sobre as vantagens de mudar para o weblog;
- utilizar mais vezes o recurso das listas para parecer que estou a postar alguma coisa.

Happy birthday to me

Ontem o Viva Espanha comemorou um mês de existência. E eu perdi a efeméride. Caramba, não há maior demonstração de que se é mau para datas do que esquecer o próprio aniversário!

quinta-feira, setembro 25, 2003

Rendimento Mínimo

Existe uma certa tendência a considerar como medidas despesistas todas aquelas em que a fiscalização é ineficaz (como se pode confirmar, ainda que implicitamente, no Abrupto). A má atribuição do RMG, assim como outros subsídios sociais, reside na ineficácia do aparelho do Estado em identificar com exactidão os rendimentos dos agregados familiares. O que merece reparo é a disponibilidade e competência do Estado para introduzir mais justiça na atribuição das ajudas e não as ajudas em si. Por mim, prefiro ver agregados familiares com um relativo maior conforto financeiro, ainda que à custa de algumas injustiças, do que vê-los absolutamente abandonados pelo Estado.

Eu sabia!

PARABÉNS!

quarta-feira, setembro 24, 2003

Vinicius

A Vida e Obra de Vinicius de Moraes aqui. Assim mesmo, tudo com letra grande.

Provocação gratuita

Segundo o DN, George Bush afirmou nas Nações Unidas que "os acontecimentos dos últimos dois anos puseram perante nós a mais clara das divisões: entre os que procuram a ordem, e os que espalham o caos; entre os que trabalham para mudanças pacíficas, e os que adoptam métodos de gangsters; entre os que honram os direitos do homem e os que deliberadamente roubam vidas de homens e mulheres e crianças sem piedade ou vergonha". O jornal não esclarece qual o lado em que a administração americana se revê.

terça-feira, setembro 23, 2003

Ajudas

Já me vi na necessidade de recorrer, por algumas vezes, ao serviço de ajuda da Blogger. O agradável serviço prestado tarda mas não falha. Acontece que tarda tanto que, geralmente, o esclarecimento surge após a resolução do problema. Daí que a resposta venha sempre em tom paternalista a explicar que não detectaram problemas no blogue. Pois não. É que já estão resolvidos quando eles por lá passam. Fora isto, parecem uns tipos impecáveis.

Para quando?

Pelas minhas contas o regresso do Aviz deveria dar-se hoje. Mesmo sabendo que o dia ainda não terminou a ânsia cresce com o passar das horas.
Não deixa de ser engraçado constatar a falta que as pequenas coisas nos fazem.

segunda-feira, setembro 22, 2003

STOP

Sou dos que considera o Dia Europeu Sem Carros uma boa medida. Obviamente, não tem qualquer carácter estrutural e não se apresenta como a solução dos problemas de trânsito e poluição que afligem as cidades. Mas tem um valor simbólico e pedagógico inegável. Neste dia temos a oportunidade de perceber a qualidade de vida que podemos alcançar sem esquizofrenias automobilísticas. É claro que é um conceito difícil de apreender quando não se abdica do volante do automóvel. No entanto, para quem atravessa as ruas da Baixa a pé a diferença é abismal.

sábado, setembro 20, 2003

Short, late afternoon post

A tarde vai terminando por entre o cheiro das revistas e dos jornais do fim-de-semana, enquanto, pela janela, a ponte parece desaparecer nas nuvens que anunciam o Outono.

sexta-feira, setembro 19, 2003

Atrasos

Por vezes, sem explicação aparente, os posts são publicados com um atraso considerável. Ontem foi um dia desses. Esperemos que hoje corra melhor.

quinta-feira, setembro 18, 2003

É trash e não é bom

Já sabia que seria assim. Disseram-me para voltar ao blogue do Sr. Director (sem link, que não estou para isso) que a coisa continuava cada vez pior. Voltei com relutância. Já imaginava que fosse qualquer coisa desse género. O homem não tem noção do ridículo, nem da vergonha, assim como também não tem noção do bom senso, da igualdade de direitos e de oportunidades ou da dignidade humana. Só nos resta a consolação de saber que as pessoas que trabalham com este energúmeno agora têm o prazer de o ver desacreditado perante muito mais gente e não só dentro das paredes dos escritórios onde trabalham.

quarta-feira, setembro 17, 2003

Era uma consulta de oftalmologia, por favor

Os blogues ainda me vão dar cabo dos olhos. Para o ano que vem estou a usar óculos, de certeza. A culpa é destes tipos aqui ao lado. Destes e de outros que também para ali hão-de ir.

Mais links

Mais uns links na coluna dos blogues à direita. A ordenação é alfabética, como já devem ter reparado, por duas razões. A primeira é que assim a navegação torna-se muito mais incerta e difícil. Às vezes não se sabe bem onde é que se vai parar. Mas se eu tenho de passar por isso e descubro coisas bem interessantes (do meu ponto de vista) não há nenhuma razão para que outros não o possam fazer também. A segunda razão prende-se com a minha relutância em catalogar os blogues. Não gosto e não quero. E pode-se perder posts muito bons por nos deixarmos enganar pelas "etiquetas". O autor de um blogue tem uma impressão do que escreve e o leitor tem uma impressão do que lê. Neste processo não é realmente necessária a intervenção de terceiros. Cada um escreve e lê o que quer.

Onde é que está a piada? II

Na ronda blogueira percebo que o Sr. Director provoca gargalhadas a muita gente. Eu também acho graça ao absurdo, mas este tipo, acreditando nas suas palavras, exerce funções de responsabilidade numa empresa qualquer em Portugal. E isso não me faz rir. Mesmo nada.

Onde é que está a piada?

maradona (com minúscula) descobriu isto. Esta pessoa que, aparentemente, é responsável pela constituição de equipas de trabalho não é racista. Mas não contrata "pretos" porque julga que "informática simplesmente não é o forte dos pretos"! E continua: "na filial onde trabalho não existe a necessidade de fazer cimento nem acartar com baldes de tijolos, logo não há necessidade de contratar pretos". Se isto não é ser racista então o que será?
As únicas considerações a fazer são as seguintes: provavelmente, "os pretos" não percebem de informática porque não têm computadores; provavelmente, não têm computadores porque não os podem comprar; provavelmente, não os podem comprar porque ganham pouco ou estão desempregados; provavelmente, ganham pouco ou estão desempregados porque há pessoas como este Director que não os contratam porque são "pretos". Parece-me que, assim, "os pretos" nunca vão perceber de informática...

terça-feira, setembro 16, 2003

O Verão

Quanto mais o calor dura, mais cresce a certeza angustiante do seu fim anunciado. É um pensamento estúpido e masoquista mas não lhe consigo fugir.

Sempre a pensar nas crianças

As escolas com poucos alunos vão acabar. Num interior onde as estruturas escolares já não abundam (nem as escolares nem muitas outras), esta parece ser a medida estrutural para ajudar definitivamente à sua desertificação. Se calhar, o melhor mesmo é juntar uns testes de aptidão física ao prometido rastreio de dificuldades auditivas e visuais. Parece que vai haver muito aluno a fazer verdadeiras maratonas para chegar à escola.

segunda-feira, setembro 15, 2003

E porque hoje é segunda-feira...

...João César das Neves escreve no DN. Ao longo do seu espaço de opinião JCN vai vendendo a ideia de que as elites europeias ostracizaram a religião, para terminar no cliché da falta de valores da sociedade moderna.
A asneirada é tanta que é difícil responder em pouco espaço. Tentemos ainda assim...
De facto a religião viu-se afastada de determinados campos da sociedade. Nomeadamente, do campo da ciência e do campo da política. No primeiro caso por uma questão de método, no segundo por uma questão de justiça. Até aos nossos dias a investigação científica tem conseguido sobreviver com esta opção. Parece até ter feito alguns tímidos progressos. Por seu lado, a política não deixou de ter em consideração a religião, limitou-se a efectuar uma necessária separação de poderes. O Estado é laico e assim sendo - não tendo religião - é o Estado de todas as religiões. Desta forma a liberdade religiosa é uma realidade incontestável na Europa ocidental.
Quanto à falta de prova da inexistência de Deus, da alma ou da vida depois da morte o professor acerta. Esquece-se, convenientemente, é de referir as provas da sua existência. Aliás, ou muito me engano ou é por aí que se constrói a fé de cada um. Sem possibilidade de verificações empíricas cada um faz as opções que a consciência lhe dita. Não há constrangimentos a esse respeito.
Daqui JCN evolui para uma confusão demasiado perigosa para passar impune. Misturar no mesmo saco "Racionalismo, Iluminismo, Utilitarismo, Marxismo, Positivismo, Nazismo, Existencialismo" seria ridículo se não fosse abjecto. O legado de cada um destes ismos fala por si próprio e o do nazismo clama a vida de perto de 40 milhões de pessoas. Promover a doutrina nazi a este nível revela um profundo desprezo pelo sofrimento a que foi sujeito o mundo durante mais de uma década. Quanto a este assunto estamos conversados.
Mas talvez esta estranha concepção do nazismo ajude a justificar o branqueamento da Inquisição que é feito de seguida. Tanto as Cruzadas como a Inquisição são produtos de época. Relevam da mentalidade da altura e não poderão ser avaliadas à luz dos valores do século XXI. Mesmo assim, se alguém puder apontar em que parte dos Evangelhos Cristo apela ao belicismo, ao genocídio e à tortura como forma de espalhar a Palavra que esteja à vontade.
É óbvio que a religião não se eclipsou na Europa. Pelo contrário, ocupa um lugar de relevo e de importância fundamentais. Mais ainda, neste início de século podemos afirmar que temos uma Europa religiosamente mais rica. A diversidade religiosa, sobretudo relacionada com os fenómenos de migração, permite um maior contacto entre culturas. Num contexto de liberdade religiosa, como é o caso, potencia-se a tolerância e a compreensão mútua o que é sempre louvável.
Para terminar, caracterizar a Europa como culturalmente indigente é ridículo, absurdo e estúpido. Não há falta de valores. Há conjuntos valorativos que privilegiam a individualidade e a competição e, mesmo não se partilhando estes modelos, não se pode negar a sua existência. Não há, pura e simplesmente, sociedades sem valores e sem cultura.
As dinâmicas da modernidade promovem solidariedades orgânicas. Talvez a desorientação seja uma das suas consequências, mas a indigência cultural não é certamente.

Outra vez a arder

Os incêndios regressaram com a vaga de calor que se fez sentir neste fim-de-semana. Apesar da suspeita de acção criminosa, continua sem se debater o essencial. Quais são as medidas a tomar para melhorar o combate no terreno? Quais são as medidas a tomar para prevenir com maior eficácia? Quem lucra com a floresta ardida? É possível tomar medidas para diminuir os interesses financeiros que estejam eventualmente associados aos incêndios? Quais? Quem assume responsabilidades pela implementação (ou não) de políticas de prevenção e de combate aos incêndios?
Aceitam-se sugestões.

Pedido de desculpas

O post sobre os e-mails do Grupo dos Amigos de Olivença feriu susceptibilidades. O pedido de desculpas já seguiu por mail. Mas quando a ofensa é pública o pedido também o deve ser. Por isso, aqui fica formalmente expresso o pedido de desculpas a todos os que se possam ter sentido melindrados com o referido post.

sexta-feira, setembro 12, 2003

Não perdem pela demora

Ler os dislates, os insultos e as falsidades sobre a esquerda e os 11's de Setembro (1973 e 2001) deixa-me, no mínimo, exaltado. Quando estiver mais calmo digo de minha justiça.

O que é que o Barnabé tem?

Tem ideias, qualidade de escrita e posts consequentes. Imprescindível.

Demissão

O presidente do Instituto de Estradas de Portugal demitiu-se no seguimento das conclusões do inquérito à queda da ponte pedonal no IC19. Fez bem. Há vergonhas às quais o nome de uma pessoa não deve estar associado. Quer sejam quedas de pontes, quer sejam inquéritos que redundam em conclusões abjectas.

quinta-feira, setembro 11, 2003

You've got mail

O Viva Espanha recebeu o seu primeiro hate mail. Pode ser um trabalho duro, mas tem as suas gratificações. E logo neste dia em que a palavra ódio devia meter vergonha a toda a gente.

A comissão

O acidente com a passagem pedonal do IC-19 está explicado. A estrutura tinha deficiências graves. Algumas remontam, presumivelmente, à sua construção, outras terão sido causadas posteriormente. A estrutura e a sua manutenção é da responsabilidade do IEP. Por isso, quem deve assumir responsabilidade pelo colapso é... ninguém. Viva Espanha! Viva outro lado qualquer do mundo onde a vergonha e a responsabilidade não sejam palavras vãs, meras abstracções! E que alguém faça o favor de explicar aquele senhor que a teoria do bater de asas da borboleta não serve para explicar a queda de pontes! Não serve, pronto!

11-9 (II)

Post essencial sobre o 11 de Setembro e a política externa dos Estados Unidos no blogue A Praia. É longo. Muito longo. Mas é bom. Muito bom.

11-9

Faz hoje dois anos que o mundo presenciou os atentados contra as Torres Gémeas de Nova Iorque. Nesse dia o mundo esteve mais próximo do que nunca. O efeito da globalização também se mede nos atentados terroristas. Aliás, o terrorismo aposta inegavelmente no fenómeno da globalização para potenciar os seus efeitos.
Qualquer acto terrorista tem como objectivo criar insegurança generalizada. O medo atravessa sexos, idades, classes, países, culturas. Um acto terrorista não se esgota nas suas consequênias imediatas com a destruição de vidas. Tem uma componente que o prolonga no tempo e que se caracteriza pelo medo e incerteza generalizado de uma repetição. Este efeito secundário pode ser tão devastador como o primeiro. Tem como objectivo limitar a acção de um número alargado de pessoas. Induzir desconfiança, medo, hostilidade e reprimir liberdades, solidariedades e proximidades.
A luta e a vitória sobre o terrorismo assentam também na capacidade de não ceder nestes campos. Reforçar a compreensão e a interajuda entre povos e culturas é a melhor forma de tirar base de sustentação ao terrorismo. Eventualmente, teremos de viver com a ideia de que haverá sempre alguém disposto a pôr-nos à prova. Consolidando os laços que nos unem estamos a garantir que a indignação perante estas brutalidades será cada vez maior. E essa é uma arma poderosíssima para lutar contra as bases do terrorismo. Porque se utiliza o mesmo pressuposto do inimigo, o de limitar os seus movimentos, tirando-lhe o possível apoio que possa reunir junto das populações.
Neste dia é essencial não esquecer estas valiosas lições que o 11 de Setembro nos legou.

quarta-feira, setembro 10, 2003

Mais propaganda

Mais um cartaz de Santana Lopes. Desta vez a perguntar-nos se já reparámos que Alfama ficou bonita sem carros. Alfama pode ter ficado mais bonita e arejada sem carros, é verdade. Mas, bonita, bonita, desculpem lá, já antes era. A pouca vergonha destes cartazes é tanta que até já o Expresso reparou nisso.

terça-feira, setembro 09, 2003

Kissinger e Pinochet

O DN de hoje trancreve do diário chileno La Tercera esta afirmação de Henry Kissinger: "A minha avaliação é que o senhor [general Augusto Pinochet, ex-ditador chileno de 1973 a 1990] é uma vítima de todos os grupos de esquerda no mundo e o seu maior pecado é ter derrubado um Governo que estava encaminhado em direcção ao comunismo."
Há muito tempo que me decidi entre Esquerda e Direita, mas se isso ainda não tivesse acontecido esta mentira criminosa seria a deixa perfeita para me fazer escolher.
O general Pinochet derrubou um governo democraticamente eleito, liderou um regime fascista sanguinário, esteve mais de 20 anos no poder e nesse percurso roubou a vida a milhares de chilenos. A verdade é esta e não precisa de muitas mais explicações.

Inocência perdida

Do primeiro contacto com os blogues ficou-me o ní­tido sabor a liberdade. Liberdade de escrita, liberdade de escolha. Inaugurei o Viva Espanha com a convicção de que a censura editorial estava unicamente limitada aos meus gostos e aos meus escrúpulos. Pouco mais de duas semanas depois esta convicção alterou-se significativamente. O total anonimato vai-se desfazendo à medida que pessoas que conheço vão frequentando este blogue. Pessoas que fazem parte de mim. Que são uma parte integrante da pessoa que sou e que contribuí­ram e contribuem para os meus gostos e para os meus escrúpulos. Devo muito do que sou a essas pessoas e por isso estou-lhes muito grato. Mas compreendi que a liberdade que o Viva Espanha possuí­a era ilusória; um erro de análise. E hoje sei que existem coisas que nunca poderei escrever neste blogue.

segunda-feira, setembro 08, 2003

Okupas

Na edição de hoje do DN, João César das Neves presenteia-nos com mais um pseudo-artigo de opinião. Do muito que se pode dizer sobre as mudanças que os telemóveis vieram introduzir nas formas de comunicação e sobre o universo simbólico que está subjacente à utilização desses aparelhos, sobretudo numa sociedade como a portuguesa, César das Neves não acrescenta, não analisa e não conclui nada. Depois do que se discutiu sobre quem "ocupa" espaço na blogosfera sem ter nada para dizer, parece-me muito mais importante e interessante a discussão sobre a qualidade da "ocupação" de espaço nos diários e semanários nacionais.

domingo, setembro 07, 2003

Ainda a poligamia

Como complemento ao que disse aqui em baixo, fica o esclarecimento que a poligamia (união matrimonial que envolve mais do que um cônjuge de qualquer dos sexos) se sub-divide em poliginia (mais do que um cônjuge feminino) e poliandria (mais do que um cônjuge masculino). Dito isto, fica claro que as considerações feitas se reportam sobretudo à primeira forma de poligamia, muito mais comum do que a segunda.

sexta-feira, setembro 05, 2003

Sobre a poligamia

As Terras do Nunca chamam a atenção para um artigo sobre a poligamia masculina. O tema parece-me interessante, não só pela questão da poligamia em si, mas também pela questão do crescente conhecimento sobre a genética humana e as subsequentes relações com a cultura do Homem.
Chegar à conclusão que a poligamia tem antecedentes genéticos parece-me razoável. Está em consonância com o que se passa com uma boa parte da bicharada deste planeta, da qual, não o esqueçamos, também fazemos parte. O mecanismo biológico aumenta as hipóteses de sobrevivência da espécie e segue a lógica darwinista da selecção natural do mais forte. Até aqui nada a apontar, se estivermos a falar do ponto de vista estritamente biológico.
Acontece que o Homem ultrapassou a barreira da consciência de si e tornou-se, algures no processo evolutivo, animal cultural e social. Nesta medida, o facto de a poligamia ter decaí­do no mundo ocidental deve-se a constrangimentos sociais e culturais.
Não querendo, nem podendo, ser exaustivo na história da sexualidade humana (que não domino e por isso constitui filão que não posso explorar), penso que existe um tema com relevância explicativa e passí­vel de ser melhor desenvolvido. Na modernidade ocidental ter famí­lia e filhos é um encargo cada vez maior. As despesas que uma famí­lia com filhos tem tornam a sexualidade com fins reprodutivos algo em que vale a pena pensar duas vezes. Uma criança já não se pode considerar uma fonte de rendimento, ideia que vingava na transição do sec. XIX para o sec. XX e que se prolongou por este último mais do que seria recomendável. Educar uma criança, cem anos decorridos, acarreta despesas para os orçamentos familiares (saúde, educação, vestuário, actividades extra-curriculares, ATL's, etc.) que se podem tornar demasiado pesadas para as bolsas médias. Se o caso se afigura assim para uma famí­lia, podemos facilmente imaginar as consequências num cenário de poligamia. Este, definitivamente, já não é um comportamento financeiramente rentável.

Mais um

Um grande amigo inaugurou o seu blogue. Como usa nickname não lhe vou fazer a crueldade de dizer aqui o seu nome. Mas fica o link para o sugestivo Traci Lords. Bem aparecido e muitas felicidades. Em tudo.

Só uma curiosidade

Por curiosidade fiz uma pesquisa no Google utilizando a expressão "viva espanha". Este blogue é logo o segundo site a aparecer num total de quase trinta mil. Não quer dizer absolutamente nada, mas deixou-me contente.

Já desconfiava...

O Almocreve faz uma crítica da prestação de João César das Neves no debate de ontem na SIC. Ao que por lá ficou escrito permito-me acrescentar mais isto: a irritante mania de fazer incursões aos outros campos da ciência social (por exemplo a sociologia, que é a que me diz mais respeito) sem demonstrar saber minimamente do que é que está a falar.

O prazer dos livros

Faço parte daqueles para quem os livros são um objecto de reverência. Para mim o livro possui uma dimensão estética, separável do conteúdo da obra, relacionada com as próprias dimensões do objecto. Há livros de beleza irresistível nas suas dimensões, na relação entre o tamanho da lombada e o tamanho da capa, na concepção da capa, ou na escolha do tipo e tamanho de letra no seu interior. A paixão que nutro por estes objectos tem assim duas vertentes. Por um lado o enorme prazer que proporcionam pelos seus conteúdos. Por outro o enorme prazer que proporcionam enquanto objecto visual e táctil. Por estes motivos desenvolvi uma relação especial com os livros. Sofro ao vê-los mal tratados. Nunca compreendi o gesto de deitar livros para o lixo, por muito maus que possam ser. Abomino a violência inflingida sob a forma de riscos, rasgões, folhas separadas, capas dobradas. Acredito que as únicas palavras que se podem acrescentar a um livro são as de uma dedicatória de quem oferece para quem recebe. E nem mais uma!
Por tudo isto fiquei contente ao saber que o Pedro Mexia (Grande Reportagem, edição de Setembro) acredita que os livros não vão desaparecer no futuro. Mas, mesmo que ele esteja enganado, os que eu tenho já ninguém mos tira.

quinta-feira, setembro 04, 2003

"Não conformidades"

Ao actualizar a lista de links para os blogues verifiquei que há ligações que não correspondem aos respectivos blogues. Isto apesar de parecer tudo bem no Template. Com esta brincadeira desapareceram alguns dos meus blogues preferidos. Porcaria de linguagens informáticas da treta!
Para além disto, constatei que o Viva Espanha, somente com dez dias de existência, resvalou para o futebol e para a sociologia. Perspectiva-se um futuro muito incerto para este blogue.

Mais links

Mais uns blogues na coluna da direita. Agora só faltam as notícias.

Sá de Miranda

Vasculhando a biblioteca lá de casa encontro os "Cem Sonetos Portugueses" seleccionados por José Fanha e José Jorge Letria. Entre eles o poema de Sá de Miranda de onde JPP extraiu o verso que podemos apreciar no seu blogue. Aqui fica a versão integral:

Quando eu, senhora, em vós os olhos ponho,
e vejo o que não vi nunca, nem cri
que houvesse cá, recolhe-se a alma a si
e vou tresvaliando, como em sonho.

Isto passado, quando me desponho,
e me quero afirmar se foi assi,
pasmado e duvidoso do que vi,
m'espanto às vezes, outras m'avergonho.

Que, tornando ante vós, senhora, tal,
quando m'era mister tant'outr'ajuda,
de que me valerei, se alma não val?

Esperando por ela que me acuda,
e não me acode, e está cuidando em al,
afronta o coração, a língua é muda.

quarta-feira, setembro 03, 2003

Parentescos e afinidades

Para esclarecer o MATA-MOUROS posso dizer que não existe nenhum parentesco. Quanto a afinidades tenho de investigar melhor. Retribuo a saudação e parabéns pela vitória frente aos Leões.

GAO

O Grupo dos Amigos de Olivença descobriu o e-mail do Viva Espanha. Como eu nunca entrei em contacto com estes senhores, muito menos lhes dei o e-mail deste blogue, calculo que algum mal intencionado me tenha feito esta gracinha. Não possuo provas mas existem alguns suspeitos. Se tiver razão só posso dizer: caramba rapaziada, não era preciso chegar a isto! Mas podia ter sido pior. Podiam ter descoberto o meu e-mail pessoal! De qualquer forma não sei se me escandalize mais com a acção torpe, mas perfidamente bem esgalhada, de ceder o e-mail do Viva Espanha a este grupo ou com a esclarecida ideia de uns tipos (candidatos a desertar dessa grande nação que é Espanha) em recolher apoio para a sua causa junto de um blogue que tem este nome. Curem-se!

Eureka!

Faz uns dias, num telejornal da TVI (foi por acaso, juro), deparei-me com uma senhora socióloga a "categorizar" uns outros senhores (motards aceleras). Fiquei a saber que são jovens na casa dos 20 e tal ou então pessoal mais entradote que pode chegar aos 35 anos. No primeiro caso, dizia essa senhora por outras palavras, são pessoas que vivem o risco numa demonstração de afirmação pessoal. No segundo caso, trata-se de um mecanismo de compensação. É gente que quer viver o que não viveu quando era mais novo. Só não disse mesmo é onde é que foi buscar essas ideias. Até se pode confirmar, mas qualquer profissional das ciências sociais reconhece a necessidade de citar as fontes de onde se extraiu a informação ou a teoria que usa. Mesmo atendendo ao reduzido tempo que as televisões disponibilizam não teria sido muito difícil. Esta peça ficou concluída com a preciosa informação que isto acontece porque essas pessoas não interiorizaram as regras na devida altura. Brilhante! Ainda ninguém tinha chegado lá! Agora, discutir porque é que não interiorizaram essas regras é que não, não é? Foi um mau serviço que nos foi prestado. Por estas e por outras é que a Sociologia não costuma recolher grandes elogios. Mas também comecei por dizer que tinha sido na TVI. Se calhar não se pode esperar muito mais.

Ainda a reles bola

Ainda sobre o mundo da bola, mas não exclusivamente, de cada vez que passo em frente do novo estádio do Benfica não deixo de me questionar sobre as artes mágicas que terão permitido construir aquela aberração megalómana. Um dos meus divertimentos preferidos nos últimos tempos tem sido inventariar os diversos locais de Lisboa (e não só!!!) de onde se pode vislumbrar o elogio ao betão. O clube, a freguesia e a cidade não mereciam mais isto.

Carago!

O Porto cilindrou o Sporting na noite de ontem. Já se adivinhava, pelos respectivos inícios de época, que o Sporting não teria grandes hipóteses (mesmo com Deco em subrendimento de um lado e com as contratações sonantes do outro). Aliás, o início deste Sporting tem-se pautado por uma série de equívocos. Desde os que dizem respeito às opções tácticas de Fernando Santos até à lista de compras e vendas de jogadores. A consequência principal, até agora, foi um resultado nas Antas que até o Benfica teria sido capaz de arrancar (daqui a umas semanas se verá se não terei de engolir o que escrevi). Este ano, novamente, não parece haver concorrentes à altura da equipa de Mourinho. Estamos condenados a mais um ano das suas intoleráveis exibições de pedantismo. E o que é mais irritante é que o homem teima em ter razão.

terça-feira, setembro 02, 2003

A Casa Pia e a Democracia

Foi ontem adiado o cara-a-cara entre testemunhas e arguidos no chamado processo Casa Pia, envolto em renovada polémica pela decisão de última hora do juiz Rui Teixeira de optar pela videoconferência, seguida do pedido de substituição do juiz apresentado pelos advogados de defesa invocando falta de imparcialidade. Depois do Abrupto ter elegido como acontecimento de maior importância dos últimos dias um acto anónimo de desinformação a circular na blogosfera e do que nela se tem dito, parece-me importante acrescentar umas ideias. Concordo que as cartas anónimas pecam pela cobardia e que, sobretudo neste caso, pela forma como tem vindo a ser conduzido e pelo aproveitamento mediático, político e social a que se presta, não se deve dar seguimento ao tipo de argumentação desenvolvido por gente incerta. No entanto, parece-me útil reflectir sobre as consequências que este caso acarreta para o sistema judicial português e, por consequência, para a própria Democracia.
Parto do princípio de que o Estado português é capaz de providenciar um sistema de justiça suficientemente independente e sério, capaz de julgar os casos que se lhe apresentem com isenção e rigor. Parto desse princípio porque nunca me foi facultada qualquer prova de que assim não seja, antes pelo contrário. Portugal é um país democrático onde o sistema judicial está separado do sistema político, executivo, militar ou religioso. Evidentemente, o sistema é falível, quer seja por falhas que provêm da organização e estruturação do mesmo, quer seja por falhas individuais dos seus executantes. Estas últimas podem estar relacionadas com a incompetência de alguns profissionais, com a falta de sentido de dever e de responsabilidade de outros, ou podem estar relacionadas com episódios de corrupção de algumas partes envolvidas. De qualquer forma, não tenho quaisquer indicações que o fenómeno seja generalizado e que ponha em questão a credibilidade da Justiça portuguesa como um todo.
Tenho bem presente que a morosidade na resolução dos processos afecta seriamente a imagem da Justiça e pode chegar mesmo a comprometer o sentido da palavra quando, por exemplo, se aguarda perto de uma dezena de anos por uma decisão. Sei, também, que este aspecto prejudica a própria economia do país, com todas as despesas que se relacionam com a Justiça e com a imagem que se veicula para os investidores, sobretudo para os estrangeiros. Julgo, apesar disto, que não se deve confundir os defeitos, que evidentemente existem, com um cenário generalizado de injustiça ou de ausência de justiça. Não é essa, de todo, a nossa realidade.
O processo Casa Pia, pelo melindre de que se reveste, pela mediatização em que está envolvido, pelos nomes que movimenta e pelos sectores sociais a que esses nomes estão ligados, condensa diversas características que poderão colocar em questão o poder judicial como nunca depois de 1974 se terá visto.
A exposição mediática que tem sido constante desde o início, familiarizou os portugueses com os contornos básicos do escândalo e da investigação que se lhe seguiu. Espera-se, por isso, talvez mais que nunca, que o processo chegue a conclusões definitivas que se prestem pouco a interpretações ambíguas. Assistimos, no entanto, a focos de desinformação descarada e a maus exemplos de exploração noticiosa e sensacionalista por parte de quem está de fora. Assistimos, também, a medidas judiciais que os leigos não compreendem e que aqueles que desconfiam de quem passa o dia a trabalhar fechado em gabinetes, atrás de secretárias, em assuntos de domínio tão restrito, se apressam a classificar de incompetentes ou erradas. Recordo que, para a maioria de nós que não dominamos os meandros da Lei, não existe capacidade para discutir com fundamento as resoluções judiciais. Para isso existem os peritos e limitamo-nos a depositar neles e na sua perícia a nossa confiança. Giddens explica isto melhor.
Por outro lado, neste processo existem arguidos para todos os gostos, que é o mesmo que dizer que uma grande maioria dos portugueses encontrará razões para sentir afinidades com algum deles nalgum momento do processo. O leque de arguidos envolve, só para referir os mais mediáticos, um político e ex-governante, um apresentador de televisão, um diplomata, um médico e um advogado. Para além do já tristemente célebre Carlos Silvino, claro. Ou seja, junta-se a política e a governação, o entretenimento televisivo, a diplomacia, o campo da medicina e a advocacia, estritamente ligada ao campo da Justiça. Temos, assim, diversos sectores da sociedade envolvidos, sectores esses com uma expressão ou relevância incontornável.
Ora, num cenário em que a Justiça se presta a ser muito mais injustiçada do que merece, qualquer condução de um processo tão mediático e importante como este que não se aproxime da perfeição arrisca-se, aos olhos de uma larga franja da população, a descredibilizar não só a investigação e o julgamento do caso em si, mas também, por arrasto, todo o sistema judicial.
Se se titubear, se o processo não for o mais transparente e inteligível que puder ser, se, no pior cenário, se verificarem erros de conduta que comprometam o apuramento cabal de responsabilidades, estão criadas as condições para que um largo número de cidadãos interprete todo o processo como uma charada colossal e encontre no sistema judicial o símbolo perfeito da incoerência e o fiel depositário da desconfiança nacional. Ainda que, obviamente, não o seja. Mas importa compreender que existe uma grande diferença entre o que uma coisa objectivamente é e a representação subjectiva que sobre ela as pessoas constroem. E se vingar no colectivo português a representação de uma Justiça incapaz é a própria Democracia que fica em causa, porque esta última estará tão ferida nos seus princípios como a primeira enquanto durar tal concepção. Porque uma é pilar fundamental da outra. E, devido à mediatização e ao envolvimento de tantos sectores da sociedade, não se prevê que essa ideia, uma vez enraizada, se dissolva, pelo menos enquanto não se renovarem as gerações ou o próprio sistema judicial não dê provas, num caso igualmente mediático, de se ter recuperado. Até lá, ficarão a ganhar todos os que fazem da ilegalidade e da desonestidade um modo de vida.
Evidentemente que os media desempenharão um papel fundamental para o desfecho desta história, mas isso é assunto para merecer outro post.

Sobre a GR

Parece que a Grande Reportagem vai passar a ser semanal. Segundo compreendi, parece, também, que vai passar a ser distribuída com o Diário de Notícias e com o Jornal de Notícias. Para já, não gosto nada da ideia!

segunda-feira, setembro 01, 2003

Deus nos dê saúde

Por razões de saúde vejo-me obrigado a marcar um exame no final de Agosto. Desloco-me aos balcões de marcação da unidade de saúde, onde me indicam que me devo dirigir a um gabinete para falar com a enfermeira X (não me lembro do nome, mas se me lembrasse também não dizia). Ao fundo do corredor encontro o tal gabinete onde pontifica, na porta, uma folha a proibir a entrada a estranhos. Hesito. Volto atrás. Nos balcões de marcação confirmam-me o gabinete, é mesmo lá. Pergunto pelo proibição mas garantem-me que é para bater à porta e perguntar pela referida enfermeira. Novamente na outra ponta do corredor, bato à porta. Não há resposta. Enfio a cabeça no gabinete a anunciar a minha presença. Não se vê ninguém, mas existem duas portas e sente-se actividade atrás de, pelo menos, uma delas. Peço licença, em jeito de quem anuncia a sua presença, à espera de resposta. Aguardo um pouco, sempre junto à porta. Finalmente aparece uma pessoa. Ainda vem a empurrar bocados de bolo pela boca dentro. Olha para mim muito séria e estica o braço a apontar-me a saí­da. Ainda demora um pouco até arranjar fôlego para articular um: "Não pode estar aqui, tem de sair!" Quando o meu pai tinha a sua cadela, era mais ou menos assim que a expulsava dos quartos. Eu, que possuo maior capacidade de argumentação que os quadrúpedes, defendo-me: "Era só para falar com a enfermeira X, para marcar um exame." Não surte qualquer efeito. O braço continua apontado e a frase repete-se. Retiro-me perante tal demonstração de compreensão e respeito pelo utente. Aguardo no exterior do gabinete que me venham, então, contactar. Ao fim de certo tempo, nunca olho para o relógio nestas ocasiões para não agravar a espera, a enfermeira X aparece à porta do gabinete e pergunta se está alguém para falar com ela. Finalmente é-me concedido acesso ao gabinete e marcam-me o exame, com grande naturalidade, sem sequer se fazer referência ao episódio, como se nada se tivesse passado.
Desta requintada experiência concluo três coisas: que, aparentemente, o utente tem o dever de se desenrascar dentro das unidades de saúde à procura dos locais e dos profissionais que precisa de contactar; que a má organização das unidades de saúde, bem como a peregrina ideia de fazer a marcação de exames em locais de acesso condicionado, não parece fazer comichões a ninguém; que funcionários autoritários, empanturrados em bolos, a expulsar utentes parece ser um assunto que não levanta objecções aos respectivos responsáveis.
Só falta mesmo dizer que a unidade de saúde em questão é uma conhecida clínica privada da Amadora e que os quadrúpedes interessados desembolsam perto de 120 euros pela oportunidade de experimentar tão refinado tratamento. Deus nos dê saúde...

Meter a leitura em dia

Problemas com o servidor afastaram-me da blogosfera este fim de semana. De regresso constato que vai levar bastante tempo para me actualizar. É no que dá juntar blogues à lista de favoritos que nem um doido. A seu tempo irão todos parar à lista de links aqui à direita.