segunda-feira, janeiro 31, 2005

Na blogosfera o tempo voa... a mach 3

Passa-se menos de uma semana longe disto e quando se regressa parece que se perdeu um mês de actividade. O Paulo Gorjão, depois de pregar um grande susto, resolveu-se a dar o dito pelo não dito. Em boa hora o fez. O Bloguítica faz muita falta à blogosfera e merece um esforço suplementar para se manter no activo. Da minha parte, não posso oferecer mais que umas palavras de incentivo e dizer ao Paulo que respire fundo, que não deve haver quem não tenha já tido, por diversas vezes, a vontade de suicidar o blogue. É fazer um intervalo e esperar que passe. E, já agora, se não for abusar da confiança, pedir-lhe que tenha mais calma com os avisos suicidários. O blogue é dele e tem mais que direito de lhe fazer o que entender, mas, depois de quase dois anos de companhia diária, não se diz assim, sem mais nem menos, então adeus e até ao meu regresso. Os leitores têm sentimentos, caramba.

Entretanto, o Exacto foi acometido de uma maleita qualquer. Também não é a primeira vez que lhe dá a travadinha. Como nas outras, fico a aguardar pacientemente o regresso com a certeza de que vai valer a pena.

Por último, um grande abraço aos veteranos Luís Tito e Carlos Castro que, finalmente, conseguiram celebrar um aniversário. Que contem muitos. No Tugir ou noutra aventura qualquer, lá os encontrarei com o apreço e a estima de sempre.

E pronto, não é todos os dias que se reúne num post referências a três dos blogues que mais se aprecia. Regresso a casa satisfeito.

Abecedário laboral

O C, os anexos e o AB estão no correio. Amanhã arruma-se com o GI, com o outro AB e com as rectificações ao B de Outubro. E é assim: resume-se uma semana de trabalho em meia dúzia de letras.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

A solidariedade social por fases

Primeiro vamo-nos livrando das criancinhas. Depois havemos de nos ver livres dos desempregados, dos reformados, dos deficientes e de toda essa cambada que não pára de gastar os dinheiros públicos.

terça-feira, janeiro 25, 2005

Colírio

O trabalho não está a deixar tempo nenhum para o blogue (mas mesmo nenhum). Como consolação, fica uma precisidade para descansar os olhos das rondas blogosféricas.




Camille Pissarro

sexta-feira, janeiro 21, 2005

O estado da Lei

Não faço ideia até que ponto estes episódios serão frequentes, mas têm o seu quê de anedótico.

Sistema Eléctrico Nacional / Cessação de Contratos
Declaração de Rectificação nº 1-B/2005 - I Série A n.º11, de 17/01(2.º Suplemento)

Declara sem efeito a publicação do Decreto-Lei nº 12/2005, de 7 de Janeiro, por se tratar, por lapso, de uma segunda publicação do Decreto-Lei n.º 240/2004, de 27 de Dezembro. Este diploma procedeu à definição das condições de acesso dos contratos de aquisição de energia (CAE) e à criação de medidas compensatórias relativamente à posição de cada parte naqueles contratos.


Sistema Eléctrico Nacional / Cessação de Contratos
Declaração de Rectificação nº 1-A/2005 - I Série A n.º 11, de 17/01

Rectifica o Decreto-Lei nº 240/2004, de 27 de Dezembro, relativamente a diversas inexactidões com que foi publicado. Particular relevo assumem as rectificações respeitantes a fórmulas e expressões constantes dos anexos do referido diploma, pelo que o mesmo é objecto de republicação. De recordar que este diploma procedeu à definição das condições de acesso dos contratos de aquisição de energia (CAE) e à criação de medidas compensatórias relativamente à posição de cada parte naqueles contratos.

Não post

Este post tem por finalidade exclusiva ajudar a enterrar os antecessores.

terça-feira, janeiro 18, 2005

Hospitais SA

Aceito que a minha leitura do que são os Hospitais SA esteja equivocada, mas o entendimento que faço leva-me a considerar que estas unidades podem ser hospitais construídos com dinheiros públicos e mais tarde concessionada a sua gestão a privados. Recorro ao Estatuto do SNS:

CAPÍTULO V
Contrato de gestão, convenção e contrato-programa
Artigo 28.°
Gestão de instituições e serviços do SNS por outras entidades

A gestão de instituições e serviços do SNS pode ser entregue a outras entidades mediante contrato de gestão ou a grupo de médicos em regime de convenção.
Através do contrato de gestão o Ministro da Saúde pode autorizar a entrega da gestão de instituições e serviços de saúde integrados no SNS, ou parte funcionalmente autónoma, a entidades públicas ou privadas, com a faculdade de realizar obras ou adquirir equipamentos, mediante a retribuição das prestações de saúde.
O conjunto de cláusulas a que, em regime de convenção, deve obedecer a gestão de instituições e serviços ou a prestação de cuidados de saúde no âmbio do SNS por grupos de médicos, mediante a retribuição das prestações de saúde, é aprovado por portaria do Ministro da Saúde.
As instituições e serviços de saúde geridos nos termos dos números anteriores integram-se no SNS, estando as entidades gestoras obrigadas a assegurar o acesso às prestações de saúde nos termos dos demais estabelecimentos.

Artigo 29.°
Contrato de gestão
A celebração do contrato de gestão é precedida de concurso público.
Quando o interesse público ou a natureza da instituição ou do serviço de saúde o exija, ou quando sejam necessárias especiais garantias relativas à entidade gestora, pode, a título excepcional, a entrega ser feita por ajuste directo, mediante resolução do Conselho de Ministros.
O contrato de gestão deve definir, obrigatoriamente:
A instituição ou serviço de saúde objecto do contrato;
As prestações de saúde que a instituição ou serviço devem garantir;
As obras a realizar pela entidade gestora para a exploração da instituição ou serviço;
Forma e prazos de pagamento à entidade gestora, incluindo eventuais subsídios para os fins previstos no presente diploma;
Prazo de entrega e possibilidade de renovação;
As obrigações da entidade gestora relativamente à manutenção do serviço de saúde;
Garantias para o Estado do cumprimento do contrato;
Sanções para a inexecução do contrato por parte da entidade gestora;
Formas de extinção do contrato, incluindo a rescisão unilateral por imperativo de interesse público.
O programa do concurso e o caderno de encargos tipo são aprovados por portaria do Ministro da Saúde.


Vem isto a propósito das considerações tecidas no Leia Lá Isto e no ...Blogo Existo sobre os hospitais SA. O post do Serafim, apesar de ser um contributo muito valioso para o tema, peca por transmitir uma visão tendenciosa, não parecendo haver uma verdadeira ponderação dos prós e contras de cada modelo.

Os problemas da gestão empresarial não se esgotam na desnatação e na quebra de qualidade, embora estes sejam aspectos muito relevantes. Há ainda que considerar a natureza das relações de trabalho que se geram nessas unidades. Evidentemente, o modelo público não é uma fonte de virtudes, mas o modelo empresarial gera dificuldades não despiciendas. Por exemplo, o Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), cuja gestão está entregue à José de Mello Saúde, depara-se muito frequentemente com grandes dificuldades para constituir equipas. Em consequência das políticas de contratação, não só existe uma elevada rotatividade dos profissionais de saúde, o que dificulta a manutenção de equipas no médio e longo prazo, como também se registam dificuldades a nível imediato, fruto dos regimes de não exclusividade de alguns profissionais. Estes problemas não podem servir para caracterizar uma unidade de serviços diferenciados com as dimensões do Fernando Fonseca, mas são um exmplo dos inconvenientes que a gestão empresarial, privada ou não, pode acarretar.

Independentemente das vantagens e desvantagens do modelo de gestão empresarial privada, o que continuo a querer saber, e não consigo encontrar resposta, é por que é que o Estado não há-de ter capacidade para gerir determinados sectores? Por que é que há uma crescente tendência para que as soluções tenham que ser encontradas no sector privado? É realmente impossível que o Estado possa gerir eficazmente a Saúde ou falta vontade e competência para o fazer? Se os modelos de gestão privada provarem a sua eficácia, que continuem a avançar, mas que não se queira, sob esse pretexto, subtrair ao Estado o seu dever de prestação de cuidados de saúde. Podendo parecer que não, as identidades nacionais também passam por estas questões.

P.S.: Sobre estes assuntos, também seria interessante ler o que se oferece dizer ao ilustre Besugo. Caso esteja para aí virado, claro.

Primeiro-ministro para umas coisas mas não para outras

Depois de ler isto, fui procurar a Constituição que tenho lá por casa e, se as revisões posteriores a 1997 não alteraram a sua redacção, o ponto 5 do artigo 186 reza assim:

Artigo 186.º (Início e cessação de funções)

(...)
5. Antes da apreciação do seu programa pela Assembleia da República, ou após a sua demissão, o Governo limitar-se-á à prática dos actos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Fascismo, comunismo e liberalismo

Não podia deixar passar a oportunidade de chamar a atenção para três posts no Quase em Português sobre as ideologias subjacentes ao fascismo, ao comunismo e ao liberalismo. Os dois mais recentes, onde se encontra o corpo da argumentação do Lutz, são do melhor que se pode ler na na blogosfera e justificam, por si só, a existência deste meio. No primeiro pode encontrar-se o link para o texto de Rodrigo Moita de Deus que originou esta sucessão de explicações.

A moral da direita explicada às crianças

Não é mimo

Fascismo não é Comunismo não é Liberalismo

As encruzilhadas de Sócrates

José Sócrates comprometeu-se a combater a evasão fiscal e as fraudes nos subsídios de desemprego e de doença. Como princípio é louvável e ninguém discordará que as fraudes na segurança social constituem uma obscenidade que deve ser erradicada. Mas nestas medidas há indícios que se apresentam preocupantes. Quando era de esperar que fossem identificadas formas de combater a grande evasão fiscal, o que transpareceu foi, sobretudo, uma vontade de apertar o cerco nas situações de desemprego e de baixa. Ora, apesar da imoralidade destas fraudes, o que esta postura revela é um posicionamento ideológico próximo do individualismo e do neo-liberalismo.

Trata-se de algo que a Direita tem vindo a querer implementar – de uma forma muito mais eficaz, diga-se a verdade – nos princípios que regulam a protecção social. Porque o truque para poupar a sério na solidariedade social não reside numa máquina de fiscalização verdadeiramente funcional (é compreensível que assim seja: uma máquina organizada e dotada dos recursos necessários alcançaria um poder de acção que os interesses ligados à fraude fiscal não querem realmente conferir-lhe). Para poupar de uma forma mais barata e menos melindrosa para os interesses instalados, o truque passa por levantar barreiras no acesso à protecção social, quer isso seja feito através da diminuição selvagem de direitos quer seja conseguido através da criação de labirintos burocráticos. Assim tem sido com o subsídio de desemprego, com o subsídio de doença, com o abono de família, com o rendimento mínimo garantido e com o protelar da idade de reforma. Em cada um destes campos as alterações introduzidas destinam-se a dificultar o acesso inicial e a renovação das garantias concedidas, numa postura que contrasta aflitivamente com as facilidades concedidas noutras áreas.

Sócrates anunciou ainda, talvez como compensação, a convergência das pensões com o ordenado mínimo. O principal foco no ataque à pobreza deve concentrar-se nos mais idosos, que representam um dos vértices mais vulneráveis da exclusão social. O que, não deixando de corresponder à verdade, está longe de esgotar o problema da pobreza e da exclusão. Mas anunciar a convergência das reformas com o salário mínimo e aumentar o valor daquelas é algo que até a Direita já aprendeu a fazer, se bem que à custa dos fraquíssimos aumentos no salário mínimo. A ideia é, uma vez mais, louvável, mas não representa, realmente, nada de novo.

Como quer que seja, o PS de José Sócrates encontra-se numa encruzilhada difícil. O seu maior problema é que a corrente de apoio ao secretário-geral, assim como ele próprio, representam a Direita do partido, e a esta não difere muito da ala menos radical do PSD. Quanto mais se aproximam as eleições, mais exigente se vai tornando a opinião pública, e o que se constata é que esta direcção, que tanto criticou à sua antecessora, não se mostra capaz de ultrapassar as insuficiências que regista na sua capacidade de mobilização e de elaboração e divulgação de propostas. Pelo contrário, apresenta uma linha ideológica dúbia e é menos alternativa do que o PS de Ferro Rodrigues alguma vez foi. A responsabilidade pelos resultados que o PS alcançar em Fevereiro não pode ser, por isso, atribuída a ninguém que não ela mesma.

A continuar assim, uma vez esgotado o balão de oxigénio do desastre que foi a governação PSD/PP (especialmente a prestação do executivo de Santana Lopes), os tempos ficarão difíceis para José Sócrates. Tal como com Guterres, o PS de Sócrates ameaça perder-se no exercício de equilibrismo entre a Esquerda e a Direita. Com medo de se comprometer demasiado, há-de alienar intenções de voto tanto num lado como noutro. Ironicamente, depois das previsões mais catastrofistas sobre o futuro do PS com Ferro Rodrigues, a actual liderança do PS pode vir a ser o principal factor de relançamento da Direita em Portugal.

sexta-feira, janeiro 14, 2005

Injusto, mas irresistível

José Sócrates, o John Kerry português.

Intenção de voto (2)

Merece o meu voto o partido que faça regressar a taxa máxima de IVA aos 17% e que se comprometa com um combate efectivo à fraude e à fuga fiscal. A cobrança efectiva das contribuições fiscais, embora amplamente menosprezada, é o mínimo que se pede numa óptica de soberania e dignidade do Estado, arrecadação de receita e justiça social.

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Intenção de voto (1)

Merece o meu voto o partido que se comprometer a acabar com os Hospitais SA. Se o sector privado quer ganhar dinheiro com os hospitais, nada contra. Mas, ao menos, que os construa.

Links

A coluna dos links foi actualizada, mas continua a precisar de uma revisão profunda. Enquanto isso não acntece, as novidades são as seguintes:

Alternativa
Margens de Erro
Pé de Meia
Pula Pula Pulga
Xicuembo 2

Se alguém souber que me explique

O que é que significa uma equipa mostrar um futebol com mais tecido?*

*Expressão utilizada exaustivamente por Gabriel Alves durante a transmissão do jogo Chelsea - Manchester United

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Responsabilização panteísta

Fabrizio Meoni faleceu ontem ao disputar aquela que já tinha anunciado ser a sua última participação no Dakar. A vida tem ironias tão estúpidas que alguém devia ser responsabilizado por elas.


terça-feira, janeiro 11, 2005

Para fazer justiça ao nome deste blogue

Planta do Metro da cidade de Madrid:




Planta do Metro da cidade de Barcelona:




Planta do Metro da cidade de Lisboa:


Onde se lê jogo, leia-se política, economia, cidadania, ortografia, gramática, etc., ect.

"E os nossos comentadores/repórteres, como quase sempre, continuam a influenciar negativamente a opinião daqueles que, em suas casas, precisam de ser orientados na sua capacidade de absorção ou entendimento do jogo."

José Mourinho

(Gentilmente retirado d'A Causa foi Modificada)

A morte de Casagemas



Pablo Picasso

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Um erro em cima de outro

O que eu gostava era que me explicassem por que é que a imaturidade dos partidos tem que ser interpretada como um defeito do sistema eleitoral? Os partidos políticos estão a atravessar uma crise mais ou menos profunda – dependendo do partido em questão e da benevolência da abordagem que se queira fazer. A qualidade da política e dos políticos tem vindo a diminuir nos últimos anos, existe um afastamento crescente entre eleitores e eleitos, há défice de democracia no funcionamento interno das organizações partidárias, existem lógicas clientelares em todos os partidos e registam-se vagas sucessivas de nomeações parasitárias para o aparelho de Estado. Perante isto, a abstenção cresce desde que existe democracia – fenómeno especialmente sentido nos casos em que o eleitor tem mais dificuldades em vislumbrar a sua relação com o acto eleitoral, como nas eleições para a UE – e o eleitorado votante sente dificuldades em fazer uma opção clara entre as forças políticas que se apresentam a escrutínio. Evidentemente, pode discutir-se a preparação do eleitorado para avaliar as propostas apresentadas, mas, nestas questões, a maior parte da responsabilidade cabe, sem dúvida, às forças partidárias.

Ora, se o actual sistema eleitoral permite a formação de maiorias absolutas e se estas não surgem mais vezes é porque a diversidade de expressões políticas assim o determina. O que não se pode fazer é querer transformar duas maiorias absolutas de partido único em toda a história de eleições legislativas e a existência de dois partidos que, em termos eleitorais, têm vindo a consolidar-se como as maiores forças nacionais numa tendência eleitoral para maiorias absolutas. Defender tal argumentação é distorcer a história eleitoral democrática à medida das conveniências actuais desses dois partidos e não uma análise objectiva do que tem vindo a acontecer.

Por outro lado, existe a ideia – errada – de que a governabilidade e a representatividade são incompatíveis (ver Bloguítica). O que existe é uma imaturidade política e democrática e uma falta de competência dos partidos e dos políticos que têm tido a seu cargo a governação. As coligações e os acordos parlamentares não são, em si, um mau exemplo de governação ou da democracia. Pelo contrário, podem constituir uma boa opção de prós e contras entre duas ou mais forças políticas. O problema da coligação PSD-PP não está no facto de ser uma coligação, mas sim (se não se levar em conta as reservas ideológicas que se possa ter contra a linha política por ela definida) nos actores políticos que estiveram em palco nos últimos dois anos e meio e na sua manifesta incompetência e falta de preparação para o exercício dos cargos. O que nos coloca novamente no ponto de partida: os problemas de governabilidade residem sobretudo nos partidos políticos e não no sistema eleitoral. Residem no facto de personalidades sem o menor perfil para ocupar cargos de responsabilidade brotarem nos partidos como cogumelos e ascenderem incompreensivelmente a posições de relevo. É este o problema que deve ser estudado e solucionado. Tudo o que passe por uma alteração do sistema eleitoral é, nestes termos, uma inversão de prioridades e um prémio à mediocridade.

domingo, janeiro 09, 2005

A maioria de Jorge Sampaio

As declarações de Jorge Sampaio a favor de um sistema que favoreça maiorias absolutas são, no mínimo, inconscientes e inoportunas. É estranhíssimo que, sensivelmente a mês e meio das eleições legislativas, o Presidente da República, conhecido por manter silêncios prolongados sobre assuntos prementes da realidade nacional, tenha uma intervenção pública deste teor.

Em Portugal, as maiorias absolutas só estão ao alcance de dois partidos. Neste momento específico, as declarações de Jorge Sampaio, mais do que um apoio a um sistema facilitador de maiorias absolutas, podem ser interpretadas como um favorecimento ao partido melhor colocado para alcançar uma vitória no próximo acto eleitoral. A ser assim, Sampaio desvirtua a instituição que representa e, pior ainda, dá azo a que se possam fazer interpretações sobre o confuso episódio da não convocação de eleições aquando da demissão de Durão Barroso. Perante o favorecimento do PS, é caso para pensar se a actuação de Sampaio nos últimos meses não esteve subordinada aos interesses deste partido em particular, e aos do seu actual secretário-geral de modo muito específico. Esta visão tem algo de "teoria da conspiração", é certo. Mas é o próprio Jorge Sampaio, com as suas idiossincrasias e com o seu passado recente, que se coloca em primeira linha para este tipo de raciocínio.

Os momentos económica e socialmente complicados são sempre os mais adequados para a eclosão de formas que subvertem o modelo vigente, quer isso seja feito de forma mais declarada ou mais dissimulada. Nalguns casos caminha-se num sentido positivo, noutros assiste-se a uma regressão. A limitação de representatividade das diversas sensibilidades políticas pertence claramente ao segundo caso. É inerentemente antidemocrática, como já anteriormente defendi, e deve ser combatida pelos perigos que acarreta. No mínimo, repito, o PR foi inoportuno e inconsciente.

sexta-feira, janeiro 07, 2005

Trouble

Oh no, I see
A spider web is tangled up with me
And I lost my head
The thought of all the stupid things I said
Oh no what's this?
A spider web, and I'm caught in the middle
So I turned to run
The thought of all the stupid things I've done

I never meant to cause you trouble
And I never meant to do you wrong
And I, well if I ever caused you trouble
Oh no, I never meant to do you harm

Oh no, I see
A spider web and it's me in the middle
So I twist and turn
Here am I in my little bubble

Singing, I never meant to cause you trouble
I never meant to do you wrong
And I, well if I ever caused you trouble
Oh no, I never meant to do you harm

They spun a web for me
They spun a web for me
They spun a web for me

Coldplay

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Vota PPD/PSD - PPM - MPT

Um tal de Pignatelli - no Amor e Ócio

Tudo ao contrário

Mais um episódio exemplar da governação ao estilo Santana Lopes:

"Telefonaram-me a perguntar se achava interessante ir e eu disse que não, porque achei que os jornalistas fariam hoje todas as perguntas relevantes", afirmou [Maria do Carmo Seabra].

Sobre este assunto interessa fazer alguns esclarecimentos:

1º É na Assembleia da República que se encontram os representantes dos eleitores e não nas redacções dos órgãos de comunicação social.
2º Os jornalistas têm como função elaborar notícias e não representam ninguém.
3º Só muito raramente se assiste a uma pergunta relevante por parte de um jornalista numa conferência de imprensa.
4º Se as coisas fossem bem feitas, a senhora ministra prestava esclarecimentos na Assembleia da República, os senhores jornalistas cobriam o acontecimento e os senhores eleitores tomavam conhecimento através dos órgãos de comunicação social.

Desta falta de respeito, mais uma, pela Assembleia da República podem tirar-se duas ilações. A primeira é que o governo liderado por Santana Lopes não consegue resistir aos tiques mediáticos (mesmo sabendo-o demissionário custa muito escrever "governo liderado por Santana Lopes"). Navega-se sempre à vista da comunicação social e o tudo o resto é secundário. A segunda é que alguém nesta coligação já terá percebido que a ministra da Educação pertence ao extenso rol de políticos deste governo com uma forte tendência a descambar para a asneira. A exposição quer-se, por isso, mais recatada. Avança Morais Sarmento, com mais perfil par atirar areia para os olhos e mais habituado a tapar o Sol com a peneira.


Para uma visão alternativa do parlamento nacional, ler este excerto do inevitável Eça de Queiroz.

Disse Fêmea

Disse fêmea
Mulher feita
Disse fêmea
Disse cresce
Disse muda
Perde a estúpida inocência
Dia após dia
Para aonde ia
Disse fêmea
Mulher feita

Mal eu sabia
Que a vida rouba os sonhos
Mal eu sabia
Que o mundo nos desmama
De paixões surdas,
Cava na cara
Sulcos secos,
Sulcos secos

Disse fêmea
Mulher feita
Faz-te fêmea
Ama-te a ti mesma
O mundo espera
Cheio de tudo
Come-o, feliz, sã, gloriosa, cheia
Diz-te fêmea
Mulher feita

Eu não sabia
Que nascemos sombras
Eu não sabia
Que todos têm medo
De falhar, de perder
Não há braços de fêmea
Para embalar
O mundo

Disse fêmea
Mulher feita
Acabou-se o que era doce
Acabaram-se os amantes
O preço da mão estendida é
A pagar, a pagar,
Mais cedo ou mais tarde
Não repitas os meus erros
Menina feita mulher

Disse fêmea
Mulher feita
Disse fêmea
Disse cresce
Disse muda, muda, muda
Perde essa estúpida inocência
Dia após dia,
Após dia,
Para aonde ia
Disse fêmea
Menina feita mulher
Menina feita mulher
Menina feita mulher.

Jorge Palma

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Sobre o cartaz

A lógica que preside à elaboração do famoso cartaz é fácil de alcançar. O engraçado seria ouvir as explicações da boca dos responsáveis do PSD. Ouvi-los a explicar a hierarquização escolhida e as equiparações explícitas. Ouvi-los a explicar todo este absurdo em voz alta. Seria gargalhada garantida.

Desenganem-se

É curioso o espanto com que alguns vão acolhendo as listas eleitorais do PS. Não há nomes novos, são sempre os mesmos, diz-se. Há até quem se pergunte se a escassez de candidatos é tão grave que se torne necessário reabilitar a "tralha guterrista". Perante isto, sou eu que me interrogo: mas afinal do que é que estavam à espera? José Sócrates é tão "tralha guterrista" como todos os outros nomes que têm sido mencionados a esse propósito. Na realidade, representa muito mais o pior do guterrismo do que uma boa parte dos nomes que têm sido mencionados.

terça-feira, janeiro 04, 2005

Reforçar o preconceito



Este indivíduo é, entre muitas outras coisas improváveis (como deputado da nação), "director" da claque oficial do Belenenses. Não sei se o Pula Pula Pulga consegue apurar se os paizinhos aprovam que o rebento se desdobre em tanta actividade com tão tenra idade.

Habitação social

A acreditar no que é noticiado, o que pode facilmente passar, nos tempos que correm, por acto de fé ou manifesta ingenuidade, está em curso um projecto de realojamento em Paços de Ferreira com características exemplares: projectos diferenciados, respeito pelas tradições culturais, espaços de convívio comunitários e áreas funcionais adaptadas aos hábitos da população. Aparentemente, reinserção social com pés e cabeça. A ver vamos.

Comunidade Cigana de Paços vai ter habitações "etnicamente correctas"

segunda-feira, janeiro 03, 2005

Impõe-se

Actualizar a lista de links.

Observatório

Regressa o AliBaba, mais de quatro meses depois do último post. É muito tempo, uma eternidade blogosférica. Mas regressa em boa altura, muito a tempo de introduzir uma forma de ver a realidade social e política que escapa ao “mais do mesmo”, ao discurso palavroso e circunstancial, ao fingimento, à politiquinha. Fazem falta vozes assim, com convicções e sem medo de as defender. Por todas as razões, e mais algumas que aqui não constam, uma referência.

BRISA 11 – 0 Miguel Silva

Variação no preço da portagem Lisboa-Carcavelos: 11%
Variação no salário de Miguel Silva: 0%

A retoma chegou. Viva a retoma!

Em destaque

Não sei bem porquê. Já houve melhores dias, julgo eu. Mas agradeço cordialmente a atenção.

Frase do fim-de-ano

"Se não estivesse sentado ia buscar uma cerveja."