quinta-feira, abril 28, 2005

O regresso de Isaltino

Isaltino Morais quer candidatar-se à Câmara de Oeiras como independente. O ex-autarca, que tem como sobrinho o taxista mais lucrativo do mundo, viu-se impossibilitado de entrar nessa corrida nas listas do PSD. Há que reconhecer a tentativa de Marques Mendes para restaurar alguma credibilidade no partido. Aliás, se for verdade que a decisão de Marques Mendes vai contra a vontade das estruturas locais, para quem tivesse dúvidas, é um indicador bastante relevante da cultura que nelas reina.

Acções como a que Isaltino Morais se prepara para protagonizar deixam-me sempre o mesmo par de dúvidas. Em primeiro lugar, os seus autores nunca chegam a aperceber-se da enormidade dos seus actos ou, apercebendo-se, preferem ignorar conscientemente o facto? Em segundo lugar, é suposto sentirmo-nos mais confortáveis com a insensatez idiota ou com uma pessoa que revela uma quase total ausência de escrúpulos?

quarta-feira, abril 27, 2005

Dr. Abílio

Não sei se já deu para perceber, mas não ando com muita paciência para isto. Curiosamente, este fastio não me provoca qualquer aflição. A irregularidade dos posts é do melhor que há para arrumar com as audiências e eu sinto-me tanto mais livre para escrever quanto menor for o número calculado de leitores. Manias...
Estou desde manhã para escrever este post, mais exactamente desde que me cruzei com este poster no Plasticina. Consegui arranjar motivação para o publicar apoiado em duas ideias. Primeiro, porque é uma boa desculpa para atenuar a injustiça de ainda não ter linkado o Plasticina, um blogue relativamente recente que se tem tornado numa leitura regular. Segundo, porque queria aproveitar para evocar uma memória comum com os meus pais.
Rever esta fotografia traz-me à memória sobretudo o meu pediatra. Recordo-o como um homem bom, um médico extremamente competente e humano, com o agradável hábito de não tratar as crianças como atrasadas mentais, nem os progenitores como histéricos hiper-protectores. Tenho na memória a imagem do seu consultório, na António Augusto de Aguiar, como se lá tivesse estado há pouquíssimo tempo. O balcão de recepção logo à entrada. Para a esquerda os gabinetes do seu irmão e do seu pai. Para a direita, ao fundo do corredor, a sala de espera e o seu próprio gabinete. Dentro deste, na parece oposta à porta, atrás da sua secretária, pontificava alegre e orgulhosamente um poster semelhante ao que hoje revi. Para muita gente aquele poster é uma imagem do 25 de Abril. Para mim é uma memória simples e doce da infância.

Adjectivos

Os adjectivos dependem do sujeito
Em Timor, se em vez de crentes católicos fossem sindicatos que se manifestassem contra a aprovação de uma qualquer lei, isso seria uma "legítima expressão da soberania popular" em vez de uma "inqualificável interferência".


Uma vez que parece que é de adjectivos que o Rodrigo Moita de Deus está a escrever, que tal falacioso?

Amores eternos

Em 2005 perfazem 650 anos sobre a morte de D. Inês de Castro. O seu amor com D. Pedro constitui um dos momentos mais poéticos da nossa História. Geralmente, o momento da coroação depois de morta é tido como o exemplo maior de uma paixão tão forte que rompeu radicalmente as barreiras do convencional. No entanto, os seus túmulos, em Alcobaça, constituem um exemplo bastante superior do sentimento que os unia. D. Pedro e D. Inês não repousam lado a lado, mas sim em posição frontal. As figuras esculpidas no topo de cada túmulo, ao invés de descansarem inertes, preparam-se, ajudadas por anjos, para se erguerem para o dia do juízo final. Os túmulos encaram-se através de um dos corredores do mosteiro para que nesse dia, mal se inicie a ascensão das suas almas, a primeira coisa que cada um deles vislumbre seja o seu amado. A vingança sangrenta e a coroação post mortem, que tem mais de macabro e obsessivo do que de belo, foram assim ultrapassadas por um monumento intemporal à ternura e à saudade; como se o amor quisesse sobrepor-se a todos os constrangimentos.

quinta-feira, abril 21, 2005

Espanha, pois claro

Igualdade em Espanha

Parlamento aprova lei que permite casamento entre pessoas do mesmo sexo

Mudar pouco

Considere-se, para benefício da argumentação, que Deus representa a Verdade. Não obstante, temos de admitir igualmente que os ensinamentos de Deus são, em qualquer caso, interpretados pelo homem. Assim sendo, a infalibilidade divina está comprometida pela reconhecida falibilidade humana. Negar isto é incorrer numa soberba inaceitável. Por isso, mesmo dentro das religiões se discutiu e se discute a doutrina. A fé tem sido, desde sempre, um assunto sujeito a discussões.
A ICAR é uma organização conservadora na sua essência e optou por escolher para Sumo Pontífice, logicamente, alguém que lhe garante um rumo consentâneo com o seu passado milenar. Não há aqui nada de novo. Se o domínio da ICAR fosse exclusivamente o mundo católico, pouco haveria para comentar. Os problemas começam, precisamente, porque a ICAR extravasa muito o seu mundo e reclama um espaço de intervenção mais abrangente. Em defesa deste intervencionismo conservador, há quem argumente que só adere quem quer, ou que quem o deseja se afasta da Igreja. Mas esquecem-se de referir que a ICAR se imiscui na sociedade para lá dos limites do seu espaço legítimo e que as suas convicções são impostas a muitos não católicos, tal como se pode aferir pelos mais recentes acontecimentos em Timor-Leste.
Bem entendido, dentro dos princípios advogados pela ICAR, não se pode esperar que esta venha a adoptar, facilmente, posições progressistas sobre temas como o aborto, a homossexualidade ou a contracepção. Mas também não podemos ignorar que conservadorismo não é exactamente o mesmo que imutabilidade. Aliás, a ICAR tem mudado ao longo da sua história, tem reagido e tem-se adaptado. De forma lenta, é certo, mas tem-no feito. De resto, a ICAR é apenas uma das actuais fés cristãs e as interpretações bíblicas que defende representam apenas uma das correntes dentro dos primeiros cristianismos. Mas, claro, pensar assim pode ser identificado com o relativismo que Bento XVI tanto critica.
É legítimo, dentro de limites razoáveis, esperar que a ICAR altere as suas posições. Mais concretamente, nem tanto que mude radicalmente de opinião sobre determinados temas, mas, sobretudo, que deixe de querer impor as suas convicções para lá do âmbito do seu corpo de fiéis. Para isso, nem é preciso que mude muito.

quarta-feira, abril 20, 2005

The Millennium Development Goals

As Nações Unidas comprometeram-se, entre outros objectivos, a reduzir para metade a pobreza e a fome no mundo até ao ano de 2015, tendo em conta os dados de 1990. O relatório de progressos de 2004 pode ser consultado neste site (http://www.un.org/millenniumgoals/mdg2004chart.pdf). A África sub-sariana, a Ásia ocidental e a Europa de Leste representam os casos mais preocupantes, registando variações nulas ou mesmo um aumento da pobreza e da fome.

Erradicar a pobreza

No Ideias Soltas, Carlos Araújo Alves solicita a divulgação de uma proposta para ajudar a combater a desatenção a que os problemas da pobreza e da fome estão votados. É uma acção singela, mas carregada de um simbolismo muito importante.
Combater estes flagelos exige uma acção dupla. Em primeiro lugar, é necessário debelar rapidamente as insuficiências com que se vêem confrontados tantos milhões de pessoas. A pobreza e a fome existem por todo o mundo, embora de forma mais camuflada nos países desenvolvidos. No entanto, em algumas regiões do mundo mais fragilizadas, a situação aflige populações inteiras que estão assim privadas do mais básico que a dignidade humana merece. Os programas que permitem que estas pessoas, num primeiro momento, acedam imediatamente a uma alimentação suficiente e a cuidados de saúde básicos são vitais para travar a fome, a doença e as elevadas taxas de mortalidade que ainda se verificam.
Em segundo lugar, é necessário conceber e implementar medidas estruturais que permitam contrariar de forma permanente esta situação. É fundamental incluir nos processos de criação de riqueza e seu usufruto estas pessoas. Um plano desta natureza tem de ser inevitavelmente associado às estratégias de desenvolvimento sustentável, aos diversos níveis a que podem ser pensadas – local, nacional e global.
A capacidade de acção de cada um, isoladamente, é limitada. Apenas as classes políticas detêm o poder adequado para agir com rapidez e eficácia, embora algumas vezes lhes pareça faltar a vontade para o fazer. Ao nível individual, para além da solidariedade activa, que já é um passo muito significativo, a solução passa por não calar a indignação. Em sociedades mediatizadas, como são todos os países desenvolvidos, a atenção que os políticos prestam à opinião pública ainda é uma das melhores armas que esta possui para agir fora dos processos eleitorais. A pressão da opinião pública pode ajudar a sensibilizar quem mais pode contribuir para alterar o rumo actual dos acontecimentos.
É bastante mais confortável ignorar estes problemas. Mesmo quem honestamente com eles se preocupa, facilmente esquece a realidade. A pobreza e a fome são alvo de investigações que, por vezes, merecem um olhar da comunicação social, mas não têm programas em horário nobre na televisão. São, a maior parte das vezes, problemas escondidos, envergonhados, afastados das nossas delicadas sensibilidades e vícios de classe média. Por isso, contribuir, quando quer que seja, para diminuir este fenómeno e trazer para a luz estes problemas gravíssimos é o mínimo que se pode fazer. Na verdade, é o mínimo dos mínimos. Depois das palavras bem intencionadas, ainda falta quase tudo.

P.S. No Ideias Soltas encontra-se um link para um jogo que pode contribuir para uma educação contra a pobreza.

segunda-feira, abril 18, 2005



Joan Miró, Painting, 1936



Gustav Klimt, Die Jungfrau, 1913



Marc Chagall, Paris through the window, 1913



Wassily Kandinsky, Murnau, Houses on the Obermarkt, ca. 1908



Henri Matisse, Open Window, Collioure, 1905



Vincent van Gogh, Starry Night, 1889



Berthe Morisot, Young Woman Knitting, ca. 1883



Claude Monet, Poppies near Vétheuil, ca. 1880



Edgar Degas, Miss Lala at the Cirque Fernando, 1879



Joseph Mallord William Turner, The Scarlet Sunset, ca. 1830-40

My lady may I have this dance
Forgive a knight who knows no shame
My lady may I have this dance
And lady may I have your name
You danced upon a soldier's arm
And I felt the blade of love so keen
And when you smiled you did me harm
And I was drawn to you, my Queen
Now these boots may take me where they will
Though they may never shine like his
There is no knight I would not kill
To have my lady's hand to kiss
Yes and they did take me through the hall
To leave me not one breath from you
And they fell silent one and all
And you could see my heart was true

Then I did lead you from the hall
And we did ride upon the hill
Away beyond the city wall
And sure you are my lady still
A night in summer long ago
The stars were falling from the sky
And still, my heart, I have to know
Why do you love me, lady, why?

Mark Knopfler, A Night In Summer Long Ago

18 de Abril

She was swinging by the bangles in a main street store
A while before we met
The most dangerous angels that you ever saw
She spied her amulet

And she took a loop of leather for around her neck
And that was then the start
The most dangerous lady on her quarter deck
She found her Golden Heart
You found your Golden Heart

Then we swirled around each other and the thread was spun
to some Arcadian band
I would stop it from swinging like a pendulum
Just to hold time in my hand

And you shot me with a cannonball of history
And long forgotten art
I'd be turning it over as our words ran free
I'd hold your Golden Heart
I'd hold your Golden Heart

Nothing in the world prepared me for you, your heart, your heart
Nothing in the world that I love more your heart, your heart
Your Golden Heart

And every time I'm thinking of you from a distant shore
And all the time I sleep
I will have a reminder that my baby wore
A part of you to keep

And I'll send you all my promises across the sea
And while we are apart
I will carry the wonder that you gave to me
I'll wear your Golden Heart
I'll wear your Golden Heart

Nothing in the world prepared me for you, your heart, your heart
Nothing in the world that I love more your heart, your heart
Your Golden Heart

Mark Knopfler, Golden Heart

18 de Abril

Dançar em cima das mesas.

sexta-feira, abril 15, 2005

Sem palavras



Bartolomé Esteban Murillo, O Jovem Mendigo, ca. 1650

quinta-feira, abril 14, 2005

Sem palavras



Francisco de Zurbarán, Exposição do corpo de São Boaventura, 1629

Um blogue também serve para...

...não perder boas oporunidades de estar calado.

terça-feira, abril 12, 2005

Perguntas sem resposta

Muito sucintamente, as duas perguntas a fazer em relação aos documentos sequestrados pela maçonaria são as seguintes:

- com que direito e em que qualidade mantém a maçonaria em seu poder documentação da qual não é a legítima proprietária?
- as declarações proferidas pela maçonaria podem ser interpretadas como ameaçadoras para as pessoas eventualmente implicadas pelas listas?

Evidentemente, de uma organização secreta não se esperam respostas para estas perguntas.

segunda-feira, abril 11, 2005

Responsabilidades acrescidas

A justiça não é cega. Nem deve sê-lo. Paradoxalmente, não só não é sociologicamente cega, como não é judicialmente cega. Quer isto dizer que, no primeiro caso, o sistema judicial funciona melhor para uns do que para outros. Aceder ao sistema de justiça não é fácil, exigindo tempo e dinheiro em doses consideráveis, que muita gente não dispõe. Não é por acaso que surgem casos de entidades capazes de avançar para a litigação em tribunal de forma quase crónica. Além disso, o sistema judicial, embora não devesse, trabalha com representações estereotipadas da culpa e da responsabilidade. Um dos casos mais paradigmáticos é o da aplicação da pena capital nos EUA. Pelo mesmo crime, um arguido afro-americano tem muito mais probabilidades de ser sentenciado à pena de morte do que um arguido de qualquer outra etnia. Não é difícil aceitar que estes fenómenos se afastam da essência da justiça.
O grande paradoxo judicial reside no facto de a justiça não poder ser cega. Apesar dos desvios acima mencionados, a visão é inerente ao sentido de justiça. De outra forma, a figura do juiz seria praticamente dispensável. O juiz está lá para aferir, controlar e julgar. O seu papel também consiste em adoptar uma perspectiva adequada aos casos julgados. Se a aplicação das penas não for proporcional à especificidade do caso, não se pode dizer que se esteja perante o exercício da justiça.
É evidente que tanto o primeiro caso como o segundo são ameaças graves ao sentido e à percepção da justiça. Qualquer um deles origina um desvio inaceitável no curso judicial. Deste desvio resultam duas consequências importantes. A primeira prende-se com o processo específico a ser julgado. O desvio originado vai prejudicar pessoas ou entidades concretas, continuando a lesá-las para além do motivo que as levou a recorrer aos tribunais. A segunda consequência, não menos importante, é que a justiça é das instituições que mais precisa de ser credível para a manutenção do seu estatuto. Com a monitorização proporcionada pela comunicação social, nomeadamente através dos casos mais mediáticos ou mais exóticos, o cidadão tem acesso a um vislumbre dos meandros de uma das mais opacas instituições modernas. Daqui nascem percepções sobre a forma de funcionamento que facilmente podem dar lugar a sentimentos de descrença (se esses sentimentos se baseiam numa perspectiva distorcida da realidade é conversa para outro post).
A correcta aplicação da justiça é um dos pilares fundamentais do Estado de direito democrático. A perda de confiança nos tribunais implica uma perda de confiança no próprio Estado. Os agentes envolvidos no sector da justiça contribuem decisivamente, como poucos, para o auto-conceito de uma sociedade, logo, as suas más acções repercutem-se de forma extremamente negativa no seu seio. Qualquer sociedade com um sistema de justiça fragilizado está, ela mesma, fragilizada. De uma forma muito clara, é impossível pedir o respeito pelas regras se o controle e as sanções são exercidos de modo deficitário ou arbitrário. Não se consegue fundar um projecto de futuro para uma sociedade baseado nestas premissas.

Ah, os juízes...

Uma escuta telefónica feita pela Polícia Judíciária (PJ) às conversas entre a ex-autarca e o juíz conselheiro Joaquim Almeida Lopes regista uma promessa do magistrado no sentido de interferir, a favor de Fátima Felgueiras, junto do Ministério Público do Tribunal Administrativo do Porto.

sexta-feira, abril 08, 2005

Post curto

Algures neste pedaço de península, um juiz sentenciou um inválido sem meios de subsistência a 30 dias de prisão por não ter pago uma multa de cento e poucos euros. Não sei como continuar este post sem ser em termos deselegantes.

Leito de flores



Marc Chagall, Lovers in the Lilacs, 1930

Um blogue também serve para...

...dizer que se ama.

quinta-feira, abril 07, 2005

Turismo religioso

Quem quis prestar a sua homenagem a João Paulo II, e chegou a tempo à fila, disponibilizou-se para aí passar 15 horas, ou mais. É um período de tempo que chega para reflectir sobre o que se quiser. Sobre a vida e a morte, sobre a fé, sobre o sacrifício pessoal e a força de vontade. Para quem assiste de fora, especialmente para quem não tem convicções religiosas, é difícil garantir que se acerta no diagnóstico das razões que levam milhares de pessoas a realizar tão penoso ritual. O que podemos tomar por garantido é que essas razões serão múltiplas e, nalguns casos, profundamente divergentes.
No entanto, mesmo para quem se dispõe a observar o acontecimento sem questionar a fé pessoal de cada um, não deixa de ser possível identificar momentos, no mínimo, desenquadrados do restante cenário. É o que acontece com as imagens dos milhares de pessoas que não resistem a fotografar o corpo do falecido Papa. Não pode haver grande concentração espiritual no momento em que se puxa da máquina fotográfica. É um comportamento que tem o seu quê de predatório. Uma versão quase turística da experiência vivida que evidencia uma necessidade de apropriação. Não chega viver o momento, torna-se necessário possui-lo, preferencialmente de forma perene. Naquele momento, de máquina fotográfica em punho, não há – é impossível que haja – uma comunhão de espírito. O momento da fotografia é um momento de posse, uma opção pelo ter em detrimento do ser. Não era isto, com toda a certeza, que a Igreja tinha em mente ao planear as exéquias.

quarta-feira, abril 06, 2005

Peça a peça



Leonardo da Vinci, Estudo das Proporções do Homem, 1492

terça-feira, abril 05, 2005

Ok, mas... e o outro?

As críticas a D. José Policarpo, na Grande Loja, embora duras, são pertinentes. Só faltaram umas palavrinhas sobre o principal responsável pela questão, o nosso venerável Presidente da República. Afinal, foi ele que colocou o Falcon à disposição.

Um velho conhecido para um novo começo

O noticiário das 21:00, na TSF, não começou com nenhuma referência a João Paulo II. A peça de abertura foi sobre futebol.

Previsão

Muito dificilmente o próximo papa não adoptará o nome João Paulo.

Sinal dos tempos

Não é difícil perceber a atenção dedicada à morte de João Paulo II. Compreende-se a dimensão das coberturas pelos meios de comunicação social, sobretudo pelos canais televisivos, assim como se compreende a curiosidade do espectador. Também se compreende os elogios provocados pela emotividade do momento, e também, há que reconhecê-lo, pela personalidade que foi João Paulo II. Mesmo a quase total ausência de crítica ao que foi o seu papado é enquadrável na reserva que o período de luto impõe. Algo semelhante aconteceu após o 11 de Setembro. Foi necessário que se cumprisse um período de decoro até que alguém tivesse coragem para evocar a política externa dos EUA como factor essencial de compreensão do anti-americanismo presente nos movimentos fundamentalistas.
É igualmente perceptível a estratégia delineada pelo Vaticano, talvez mesmo pelo próprio João Paulo II, posta em acção nestes dias. A gestão dos problemas de saúde do papa, do primeiro ao último dia, obedeceu a uma exaltação do sacrifício e da abnegação individual. Tudo com implicações óbvias na construção, ou sedimentação, de uma determinada imagem do papa junto da opinião pública, sobretudo junto dos católicos. Uma imagem exemplar, um fôlego para uma Igreja Católica que precisa de se aproximar e de motivar os fiéis.
Neste aspecto, a IC parece ter percebido bastante bem o tempo em que vivemos e a notável força da comunicação social. No entanto, se for esse o caso, saberá igualmente que as leis do imediatismo mediático, do qual beneficia neste momento, deixam claro que estes fenómenos tendem, muito rapidamente, a atingir a caducidade, sendo facilmente substituídos pelo próximo "grande acontecimento", ou a despertar o desinteresse, fruto da sobre-exposição. Para obter resultados que não se esgotem no acontecimento, a IC precisa de uma intervenção mais profunda e mais alargada no tempo. Ou seja, precisa que o próximo papado saiba interpretar o mundo actual e aproveitar o capital gerado nestes dias.

segunda-feira, abril 04, 2005

Limites para a velocidade

Acabei de escrever um texto sobre a limitação da velocidade de circulação nas auto-estradas. Ficou uma coisa enorme, com quase duas páginas A4. Deu-me um certo gozo a escrevê-lo, mas não tenho muita vontade de o publicar. Sobretudo porque essas duas páginas se podem resumir no seguinte:

- quanto mais elevada a velocidade, maior a distância percorrida pelo veículo até que o condutor reaja;
- quanto mais elevada a velocidade, maior a distância de travagem após a reacção;
- quanto mais elevada a velocidade, piores as consequências de uma colisão, tanto para o veículo como para os passageiros;
- quanto mais elevada a velocidade, maior a poluição sonora e a emissão de gases;
- quanto mais elevada a velocidade, maior o consumo de combustível.

Ou seja, a velocidade tem implicações em diversos níveis, desde a segurança rodoviária, até à qualidade ambiental.

Em conclusão, não conheço exactamente as razões em que se baseia o actual limite de 120 km/h, mas é capaz de não estar mal pensado.

sexta-feira, abril 01, 2005

T minus 4 hours, 26 minutes and counting

Jantares de família (preparação)

Crepúsculo dos Ídolos - 8,20 €