Parabéns
Com uns minutos de imperdoável atraso, aqui ficam os meus parabéns ao Irreflexões. Um dos melhores na forma como irreflecte e inexcedível na paciência para com os leigos da informática. Um sincero abraço de felicitações e agradecimento.
...ou outra coisa qualquer. Postagem de Miguel Silva Mails para: correio_para_espanha@yahoo.es
Com uns minutos de imperdoável atraso, aqui ficam os meus parabéns ao Irreflexões. Um dos melhores na forma como irreflecte e inexcedível na paciência para com os leigos da informática. Um sincero abraço de felicitações e agradecimento.
A apresentação da candidatura de Manuel Alegre a secretário-geral do Partido Socialista veio mostrar que esta é a proposta mais sólida e credível para a liderança do partido. Ideologicamente consistente, motivada pelas causas e pelos princípios da esquerda e, ao mesmo tempo, politicamente hábil. O discurso de Manuel Alegre, talvez o melhor discurso político dos últimos 15 ou 20 anos, mostrou que a força das convicções possui um apelo que o tacticismo nunca será capaz de alcançar. E mostrou também que a ideologia e os valores de esquerda são hoje tão actuais como eram há 30 anos.
Se Lisboa tivesse sempre a densidade populacional que regista entre o final de Julho e o início de Setembro era um sítio muito melhor para se viver.
Conforme ficou explícito no post anterior sobre este assunto, a documentação que suporta a validade dos actos eleitorais está longe de obedecer ao exigível. De seguida são enunciados os casos referidos pela investigação da GR.
Ardemos novamente. Segundo o Público, em igual período do ano anterior havia menor número de incêndios e menos área ardida. Ou seja, este ano consegue estar a ser pior que o inferno do ano anterior. E a única coisa que temos como garantida é que não há ninguém para responsabilizar.
A continuação da síntese da reportagem sobre as autárquicas de 2001 esteve suspensa este fim-de-semana. É que a vida não é o blogue. A minha, pelo menos, não é. Dito isto, é certo que, embora o espírito das férias já se insinue no Viva Espanha, o trabalho vai mesmo continuar.
Após o fim-de-semana, encontro no e-mail um apelo do Nuno Guerreiro para que não se ignore as atrocidades que estão a ser cometidas no Sudão. O Nuno Guerreiro diz que com este e-mail não pretende referências nem links ao seu blogue, mas apenas contribuir para a sensibilização da blogosfera, tentando abranger o maior número de pessoas possível. A iniciativa é louvável e, por isso, o link é mais que merecido. Por lá pode ser encontrada muita informação sobre a crise no Sudão. Acabar com estas situações mais que desumanas passa muito pela nossa capacidade de não calarmos a desgraça. Pode parecer pouco, mas, de facto, não é. Obrigado ao Nuno Guerreiro por nos lembrar disso.
A peça que divulga as incoerências no apuramento dos resultados nas autárquicas de 2001 é da autoria de António José Vilela e está publicada na Grande Reportagem de Outubro de 2002, da página 86 à página 95. Uma boa parte do texto baseia-se em informações recolhidas por Alberto da Silva Lopes, mas também existe trabalho de investigação da própria GR. O texto merece uma leitura atenta, mas afigura-se demasiado longo para ser transcrito na íntegra. Os dados que apresento a seguir são retirados da reportagem e, segundo Francisco José Viegas, na altura director da revista, não foram contestados por ninguém.
O exemplar da Grande Reportagem já apareceu. É a edição de Outubro de 2002. Mais logo conto apresentar uma súmula das incorrecções que são apontadas nessa investigação.
O LNT publicou um texto no Tugir sobre o apuramento dos resultados nas autárquicas de Lisboa. Por lá pode-se seguir um link que esclarece alguns dos contornos que esta história assume. Franciso José Viegas também publicou um texto sobre o assunto. Entretanto, prossegue a busca do exemplar da Grande Reportagem.
O primeiro contacto que tive com as incorrecções no apuramento dos resultados das autárquicas em Lisboa, a que o Irreflexões dá eco, deu-se através da leitura de um texto na Grande Reportagem. Do que me recordo, ficou a impressão de uma história muito mal explicada, com vantagens e desvantagens para as duas listas, lideradas por João Soares e Pedro Santana Lopes. Sempre me pareceu que um caso destes reunia todas as condições e mais algumas para se proceder a uma investigação profundíssima por parte de todas as autoridades competentes. Que eu saiba, tal nunca chegou a acontecer, ou então os esforços feitos nesse sentido não produziram qualquer esclarecimento digno de reparo. O mais estranho e preocupante parece ser o abandono a que o caso está votado. Acredito que muita gente não faça sequer ideia das suspeitas que existem sobre a forma como decorreu a contagem de votos nessas eleições. Nem a comunicação social, nem os partidos, nem os candidatos parecem interessados no apuramento dos factos. Ainda que se venha a descobrir que tudo não passa de uma confusão, é do interesse do sistema democrático que estes assuntos sejam totalmente esclarecidos. Se se vier a descobrir que realmente existiram irregularidades, quer elas sejam decorrentes de incompetência técnica, quer estejam relacionadas com uma deturpação consciente e voluntária dos resultados, é fundamental encontrar os responsáveis e garantir que tal não se repetirá. Um regime em que existe uma perversão da verdade eleitoral, nem que seja por apenas um voto, não é uma democracia. Não é, ponto final.
O fenómeno Santana e Sócrates, para utilizar a expressão do Paulo Gorjão, resulta da demissão de terceiros. Mas não dos terceiros que o PG identifica. Em rigor, não é a demissão de Durão Barroso que permite a Santana Lopes chegar à presidência do PSD, assim como não é a recusa de António Vitorino que permitirá, eventualmente, que José Sócrates chegue à liderança do PS. Tanto JS como PSL alcançaram o reconhecido ensejo, já concretizado no caso do segundo, de liderar os seus partidos e, assim, alcançar também o lugar de primeiro-ministro. A forma como JS e PSL aparecem tão bem colocados para liderar os destinos do PS e do PSD é que merece alguma atenção.
José Sócrates, apesar da pose, ainda não ascendeu à liderança do PS. Está lá muito perto, mas não nos precipitemos.
Um governo com as características do que conhecemos neste momento permite concluir que a sua orientação é muito mais política que técnica. É claro o incremento de nomes provenientes do CDS-PP que pertencem à primeira linha política do partido. A Paulo Portas e Bagão Félix juntam-se Nobre Guedes e Telmo Correia. São nomes que têm como principal objectivo ganhar visibilidade. Se o Ambiente é uma pasta tão actual quanto difícil, também é certo que não tem, como nunca teve, a atenção mediática devida. A asneira ambiental passa frequentemente impune sem que a maior parte dos cidadão e das entidades competentes consigam aperceber-se em tempo útil. A acção, claro, fica extremamente diminuída. Trata-se de uma daquelas pastas que se presta muito a comunicados de imprensa divulgando as melhores das intenções, mas que é pouco acompanhada no terreno. Por mais que se queira proteger as reservas naturais, a parte essencial está sempre centrada na aplicação concreta das medidas criadas, na fiscalização e na punição dos infractores. E a verdade é que em Portugal ainda compensa poluir, assim como compensa pressionar para obter a rentabilização económica dos recursos ambientais. Aliás, utilizando um discurso que é caro ao CDS-PP, sobretudo quando lhe convém dramatizar as questões de segurança interna, algumas punições por crimes ambientais são simplesmente ridículas. Os proveitos superam largamente os custos. Enquanto estas situações se mantiverem não haverá mudanças reais na área do ambiente.
A partir de hoje o bloguista de serviço nesta casa passa a poder ser lido também no blogue O Bicho. O primeiro post já lá está. Só ainda não sei como é que vou arranjar vida para isto...
Partilhei a minha atenção à entrevista de José Sócrates com as últimas páginas do livro que estava a ler. Não sou, por isso, a pessoa mais indicada para a comentar. Do que retive, sobressaiu um discurso com aroma a campanha, e não somente para o interior do PS. José Sócrates pareceu já bastante convencido que será o próximo secretário-geral do PS e dirigiu-se a uma audiência mais vasta. Verdade seja dita, não é o único. Sendo reconhecidamente da ala direita do PS, frequentemente apelidada de esquerda moderada ou centro-esquerda, optou por não hostilizar a esquerda, elogiando até o contributo de Ferro Rodrigues como SG. Convenhamos, era o mínimo que se podia esperar. A candidatura de JS nasce na ressaca da recusa de António Vitorino, nome apontado como o mais consensual no PS para suceder a FR. Além de que esta tendência para agradar a vários sectores ao mesmo tempo é típica da escola guterrista, na qual JS se revê inteiramente. O problema é que já sabemos como terminou o guterrismo e se JS não aprendeu as lições essenciais desses tempos, mais cedo ou mais tarde pode esperar um final semelhante.
Este blogue estava em lista de espera para entrar na coluna dos links há uns tempos valentes. Agora que parece ter ganho alguma regularidade na publicação, ganha lugar cativo nas leituras do dia. No entanto, não consigo resistir à piadinha fácil. É que o AliBaba faz mesmo lembrar a estória da melancia: é verde por fora, mas vermelho por dentro. E já agora, parece-me que reconheço essa lista de links de algum lado. Só te falta aí um. Vê lá se adivinhas de qual é que te esqueceste...
A liderança de Ferro Rodrigues foi mais importante para o sistema político português e para o PS do que é reconhecido. A linha ideológica da direcção do PS aproximou-se daquilo que considero ser o campo em que um partido com as características do PS se deve situar. Com FR, o PS ocupou claramente o campo da esquerda. Evidentemente, esta colocação desagradou a muita gente, dentro e fora do partido. Não faltou quem vaticinasse resultados desastrosos que nunca se concretizaram. Pelo contrário, quer as sondagens quer os resultados eleitorais desmentiram estas teorias. No entanto, o centro continuou a ser o objectivo eleitoral dos que não se reviram numa orientação de esquerda. Em última análise, se o PS e o PSD decidirem competir simultaneamente pelo centro perde-se diversidade no panorama político nacional. Além disso, o eleitorado do centro é tendencialmente desideologizado e consequentemente volátil. Ter um ou, ainda pior, os dois maiores partidos a focar-se no centro não contribui em nada para a pedagogia política do eleitorado e aliena uma margem de sensibilidades políticas enorme.
Não era para escrever mais nada hoje, mas não é todos os dias que se chega a ministro. E logo da Justiça.
O Paulo Gorjão deixou um comentário ao meu post sobre António Vitorino. Seria obstinação minha não admitir que o argumento do PG retira robustez à minha opinião sobre a genuína vontade de Vitorino em terminar o seu mandato. Como tenho por ideal que a relação que se estabelece entre o bloguista e os seus leitores deve ser mantida na base da confiança, só me resta reconhecer que, se me tivesse ocorrido o que o PG refere, toda a primeira parte do post não teria a forma e o conteúdo que tem. O que não quer dizer que muito do que lá está não continue a fazer sentido, como, por exemplo, a competência e prestígio de António Vitorino e o muito que isso pode contribuir para melhorar a política nacional.
Não percebo muito bem como é que este blogue me pode ter passado despercebido durante tanto tempo. É muito bom. Mesmo muito bom. E eu não costumo elogiar blogues com frequência. Não porque falte quem o mereça, mas porque não faz parte da linha editorial da casa. Se não conhecem, passem por lá. Se já conhecem, provavelmente sabem melhor do que eu do que estou a falar.
António Vitorino não quis assumir uma candidatura ao lugar de secretário-geral do PS. É uma decisão coerente com tudo o que se disse nestes últimos dias sobre a necessidade de cumprir, até ao fim, os compromissos assumidos. Vitorino é comissário e comissário permanecerá por mais uns meses. E depois disso não lhe faltarão propostas, porque uma pessoa competente que cumpre os seus compromissos é extremamente valiosa e algo rara nestes tempos. Há que respeitar um político que não decide meramente em função das agendas mediáticas. A carreira política de António Vitorino está longe de ter terminado. Pelo contrário, depois das provas de integridade que deu, sobretudo quando era mais fácil não o fazer, António Vitorino demonstrou ter muito a dar à política.
O Cruzes Canhoto terminou. Os seus últimos posts são o manifesto que substancia essa decisão. No Terras pode (deve) ler-se um post de despedida ao Cruzes. JMF resume o descontentamento a que se chegou com uma forma de fazer política que já não é uma forma de fazer política, mas sim uma forma de ganhar protagonismo. A emotividade tem destas coisas. Toca e transforma os outros como poucas coisas mais.
A TSF recorda que hoje se celebra o centenário do nascimento de Pablo Neruda. A minha primeira recordação de Neruda remonta a um tempo que já não consigo precisar. Resume-se a uma ideia que a memória se encarregou de desprover de contexto. Recordo, simplesmente, a minha mãe a explicar-me com aquela doçura digna de poemas que só as mães parecem alcançar, que Neruda tinha morrido de desgosto. Isto, já nem sei bem porquê, mas ainda antes de conhecer os poemas de Neruda, ainda no tempo em que as palavras dos pais têm a força das leis divinas. Hoje nem sei se me sinto atraído pelas pessoas que morrem de desgosto por causa dos poemas de Neruda, ou se me atraem os poemas de Neruda por causa das pessoas que morrem de desgosto, ou se me atraem os poemas e as mortes por desgosto por causa de outra coisa qualquer. Mas sei que também eu me identifico com essas pequenas mortes que os desgostos trazem. Neruda faria hoje cem anos. As vidas assim merecem ser recordadas.
A vida dá-nos desafios estranhos. Algumas vezes, as oportunidades aparecem acompanhadas de um considerável senão. Por vezes, para alcançar um objectivo desejado basta fechar os olhos, basta racionalizar uma escolha. Resistir às tentações costuma ser, por regra, tarefa árdua. Mas é nestes momentos em que dizer não se torna tão difícil que o indivíduo se supera. Durão Barroso falhou este desafio. Pedro Santana Lopes e o PSD, de uma forma geral, também. Como alude o Lutz, agora é mais difícil dar conselhos aos petizes.
Embora compreensível, a decisão de Ferro Rodrigues não foi a mais desejável. Depois de tudo o que atravessou, esperava-se que FR resistisse até ao congresso, antecipado ou não. Esperava-se que FR se apresentasse com as suas propostas, de peito aberto, para calar definitivamente os opositores internos ou para cair de pé perante os lobos. FR podia ter capitalizado o descontentamento da esquerda com a decisão de Jorge Sampaio permanecendo na liderança do PS. Podia ter confrontado todos aqueles que não se pronunciaram, por calculismos exclusivamente pessoais, sobre a delapidação da democracia. Na realidade, se alguém podia sair beneficiado com esta situação, FR estava seguramente entre eles. O empenho que colocou na defesa de eleições antecipadas jogaria a seu favor.
Não vale a pena repisar os argumentos esgrimidos nas duas últimas semanas sobre a convocação de eleições antecipadas. Interessa sobretudo manifestar o profundo desapontamento com a decisão do PR. Jorge Sampaio traiu a sensibilidade política dos que o elegeram, colocando-se no campo político oposto ao que lhe deu a sua base de apoio. A escolha era sua e qualquer decisão tinha suporte legal. Por aí nada a acrescentar. O que se impunha, e o que se verificou, foi uma decisão estritamente de interpretação política de uma situação. E, neste sentido, dada a interpretação do PR, é legítimo questionar se foi para este tipo de interpretações políticas que a esquerda elegeu Jorge Sampaio. A resposta é óbvia.
Aí está. Besugo é o segundo bloguista a assumir a vontade de suceder a Jorge Sampaio no cargo de Presidente da República. O outro, já se sabe, é o Paulo Gorjão.
O blogger anda insuportável. Deixa lá ver quantas vezes é que estes posts vão aparecer publicados...
Se partirmos do princípio de que uma governação de esquerda é preferível a uma governação de direita, então um executivo liderado por Pedro Santana Lopes nunca poderá ser uma boa solução. É claro que esta preferência pode ser posta em causa, por exemplo, pelo pessoal de direita. Adiante. Por uma questão de princípio, considero preferível um compromisso claramente assumido a uma ausência de ordem meramente táctica, tendo em vista interesses particulares. Neste caso, se o PS optasse por esperar por 2006 seria uma ausência que poderia, a prazo, talvez, beneficiar o interesse particular do partido, enquanto mobilizar esforços para alcançar o governo já na actual conjuntura seria pensar no interesse do país.
Não vi a entrevista de Pedro Santana Lopes na televisão. Nem sequer me apercebi que ela se realizaria, senão teria feito o esforço. Leio agora algumas das suas palavras, referidas por vários blogues. Entre elas engasgo-me especialmente com a vontade de “poupar o povo a eleições”. Esta ideia condensa tudo o que PSL representa. O discurso fácil, baseado no imediatismo e na aceitação popular, sem olhar a consequências. Perigosamente alheio às consequências das suas próprias palavras e acções.
Não vi a entrevista de Pedro Santana Lopes na televisão. Nem sequer me apercebi que ela se realizaria, senão teria feito o esforço. Leio agora algumas das suas palavras, referidas por vários blogues. Entre elas engasgo-me especialmente com a vontade de “poupar o povo a eleições”. Esta ideia condensa tudo o que PSL representa. O discurso fácil, baseado no imediatismo e na aceitação popular, sem olhar a consequências. Perigosamente alheio às consequências das suas próprias palavras e acções.
Vasco Lobo Xavier consegue publicar três textos (ELEIÇÕES OU NÃO, EIS A QUESTÃO I, II e III) no Mar Salgado sobre a realização ou não de eleições antecipadas iludindo sempre as consequências para a sanidade democrática do nosso sistema. Mas, mais do que isso, VLX quer fazer crer aos seus leitores que a argumentação dos que defendem a realização de eleições também não passa por aí. O que é falso. Os argumentos de maior peso para a convocação de eleições, como já é sobejamente conhecido, passam sobretudo pela necessidade imperiosa de não se deixar beliscar, nem que seja minimamente, a legitimidade democrática. É toda uma conjugação de variáveis que está em casa e não um resultado numas eleições europeias. É, mais que tudo, a devolução aos eleitores da palavra sobre os projectos e os nomes dos seus representantes. Porque, no contexto actual, mais vale ter Santana a vencer nas urnas do que outro qualquer carecendo desta legitimação.
Saber que, apesar do nó na garganta, apesar do irremediável fim da ilusão, as lágrimas já não vão aparecer como há dez ou quinze anos apareceriam.
Momento ironias da vida da noite
A profundíssima certeza de que sempre que voltar a rever aquela marcação de canto vou repetir incessantemente: “Antecipem-se! Não deixem cabecear!”. Precisamente da mesma forma que sempre gritei para o Veloso: “Para o outro lado! Chuta para o outro lado!”.
O ministro da Defesa envergando o seu sorriso número 3 quando Portugal desperdiçava oportunidades de golo. Aquele sorriso de anúncio de pasta dentífrica, que fica bem nas fotografias mas mostra à exaustão que o ministro não percebe nada da natureza do futebol, nem que lhe tentem explicar com desenhos para colorir.
O casal Durão Barroso empunhando uma bandeira made in China, daquelas com pagodes no lugar dos castelos.
Aparecer na 2ª Circular, a caminho de casa, atrasadíssimo para o jogo e seguindo o relato no auto-rádio. Chegar à curva que leva à Avenida Lusíada, aquela que passa mesmo ao lado do estádio, tirar o som ao rádio e sentir de fora, separado pelo cimento, todo o ruído de sessenta mil almas a vibrar em conjunto.
Quase que perdia o aniversário do Bloguítica. Um dos blogues mais interessantes do meu circuito diário. Um abraço para o Paulo Gorjão e votos de que continue a animar a blogosfera como tem feito até agora por muito mais tempo.
Este é o homem responsável por ninguém ter visto, em directo, o estupendo golo de Maniche. O que é que este tipo merecia?
Eu sobrestimo
As Opções do Presidente e a Qualidade da Democracia Portuguesa - Pedro Magalhães
Com a demissão de Durão Barroso, caso a Assembleia não seja dissolvida, o que passamos a ter, de facto, é um novo governo suportado pela mesma composição parlamentar. Algo que está em perfeita consonância com a separação entre o poder legislativo e o poder executivo. Desta forma, a desejável credibilidade dos nomes que compõem o novo executivo não se pode confundir com a necessidade de manter o mesmo rumo de políticas governativas. Até porque o grande objectivo do governo de Durão Barroso – a redução do défice – não foi, de forma alguma, alcançado. Apesar das medidas extraordinárias para o encobrir, estruturalmente continuamos com um défice excessivo. E isto tendo em conta todos os sacrifícios que foram exigidos à população. Verdadeiramente, não há qualquer razão para que se queira impor uma continuidade nas linhas políticas do novo governo que aí vier. Pelo contrário, as alterações são, até, muito bem-vindas. O grande problema consiste no facto de se estar a querer impor uma solução que além de carecer de legitimidade, carece também de credibilidade. Se se confirmar um governo liderado por Pedro Santana Lopes, não só não se pode esperar qualquer melhoria significativa como há fortes possibilidades de ficarmos numa situação ainda mais problemática em curto espaço de tempo. Não é de uma continuidade que o país precisa. É de uma ruptura.